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Iraquianos celebram Natal sob fortes medidas de segurança
Da AFP
25/12/2010 | 16:29
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Os cristãos do Iraque assistiram à missa de Natal em meio a fortes medidas de segurança depois da matança realizada numa igreja siríaca em outubro e as ameaças feitas pela Al-Qaeda contra esta comunidade cada vez mais minoritária.

Centenas de fieis se reuniram na igreja da Nossa Senhora da Salvação, em Bagdá, protegidos por oficiais armados com pistolas e fuzis de combate e cercados por um muro de concreto de três metros de altura. Todos os veículos que entravam era vistoriados e os devotos revistados duas vezes antes de serem admitidos ao templo.

O estado de ânimo era melancólico pela recordação do ataque - reivindicado pelo Estado Islâmico do Iraque, afiliado à Al-Qaeda - contra uma igreja siríaca católica em 31 de outubro.

"Há um ano estávamos todos reunidos", afirmou Uday Saadala Abdal, que perdeu dois de seus irmãos no ataque. Um deles, o padre Taher, oficializava a missa. Sua mãe recebeu três disparos e se encontra atualmente hospitalizada na França.

"Sinto que suas almas ainda estão aqui na igreja; por isso vim. Eles me animaram a vir, apesar do perigo e das ameaças ", assinalou o jovem de 28 anos.

"Há uma grande ferida no coração desta igreja, mas nossa mensagem é a de preservar a esperança na vida", afirmou, em seu sermão, o arcebispo Matti Motaka, ante os 300 fieis que ouviram sentandos nas cadeiras de plástico e de metal que substituíram os bancos de madeira destruídos no ataque.

"Jesus nos acompanha, especialmente nas dificuldades que agora atravessamos ", acrescentou o padre.

"Mobilizamos efetivos em torno das igrejas há três dias e nos encontramos em estado de alerta ", indicou o general Qassem Atta, porta-voz das forças de segurança na capital.

"Posso assegurar a nossos irmãos cristãos que as missas poderão ser realizadas em todos os bairros de Bagdá ", acrescentou.

O primeiro-ministro xiita Nuri al Maliki expressou na sexta-feira sua solidaridade para com os cristãos iraquianos e pediu que permaneçam no país.

"As tentativas de eliminar os cristãos de seu país e de sua terra constituem um crime contra a unidade nacional", assinalou em um comunicado.

"Os iraquianos não queremo que parem o som dos sinos das igrejas", indicou, por sua vez, o presidente do Parlamento, Osama al Nujaifi.

Durante a semana, a organização Anistia Internacional ao governo iraquiano que protegesse a comunidade cristã contra novos ataques durante o período de Natal.

O exército iraquiano matou na segunda-feira passada três líbios suspeitos de preparar atentados suicidas antes do Natal na cidade de Mossul (norte), conforme indicou o ministério da Defesa iraquiano.

"Os atentados contra cristãos e suas igrejas por parte de grupos armados se multiplicaram nas últimas semanas e tememos que os insurgentes tentem realizar importantes ataques contra os cristãos no Natal para obter um máximo de publicidade e colocar em dificuldade o governo", afirmou em um comunicado Malcolm Smart, diretor da Anistia para o Oriente Médio.

Ele também pede ao governo iraquiano mais proteção para as comunidades étnicas e religiosas mais vulneráveis.

Em 31 de outubro, um ataque reivindicado pela Al-Qaeda contra uma igreja siríaca católica de Bagdá cobrou a vida de 44 fieis e de dois sacerdotes, causando o "êxodo" de milhares de cristãos do Iraque, segundo o ACNUR (Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados).

Dias mais tarde, uma série de atentados contra residências de cristãos em Bagdá causou seis mortos e 33 feridos.




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