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Cetesb afirma que pode punir Recap por ‘geada química’

Após precipitação de pó branco na região do Polo Petroquímico de Mauá, companhia diz que também fará exigências técnicas à refinaria

Lays Bento
03/06/2024 | 09:56
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FOTO: Celso Luiz/DGABC

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A Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) afirmou ao Diário que pode aplicar punição à Recap (Refinaria de Capuava, da Petrobras), no Polo Petroquímico de Mauá, devido à precipitação de um pó branco na região ocorrido a partir do último dia 25 de maio – a companhia é reincidente em episódios do tipo.

Em nota, a Cetesb diz que “finaliza o relatório de atendimento à ocorrência”, porém não deu um prazo para a resolução. “Além da penalidade, a Cetesb fará exigências técnicas à refinaria, com o objetivo de evitar que o fato torne a acontecer”, continua o comunicado.

Moradores do Parque São Vicente e Jardim Araguaia, que ficam perto do Polo Petroquímico de Mauá, acordaram no dia 25 com um pó fino e branco na superfície dos carros e nas áreas abertas das residências. A fuligem que caiu do céu pela madrugada era fina e não apresentava cheiro.

Em comunicado, a Petrobras destacou que se trata de uma “emissão pontual de material particulado, durante o processo de partida de unidades na Refinaria de Capuava que voltava de uma parada programada de manutenção”. Segundo a companhia, “o pó é inofensivo às pessoas e ao meio ambiente” e as causas da ocorrência serão avaliadas.

A Recap foi multada pela Cetesb em 2000 pelo mesmo motivo. Na época, a empresa admitiu a emissão de 20 toneladas de material particulado na atmosfera e a multa ambiental foi equivalente a R$ 69.525.

Pelas redes sociais, moradores se queixaram da frequência dos episódios. Um dos usuários mencionou que há dois meses “a geada química” atingiu o apartamento de uma amiga, em Santo André (o Polo Petroquímico abrange, além de Mauá, parte de Santo André e da Zona Leste de São Paulo). A técnica em enfermagem Claudia Alessandra Betfuer, 45 anos, que mora há três no Parque São Vicente, confirmou que um ano após a mudança para o bairro já presenciou a queda de pó. A moradora aponta também um cheiro forte de plástico queimado na madrugada desta sexta.

“Moro próximo ao polo desde que nasci, mas é preocupante. Sempre vimos espumas caindo e sentimos um cheiro forte, mas esse pó é a segunda vez que vejo em um volume tão grande. Meu marido tem asma e minha filha, rinite. Até meu gatinho tem problemas respiratórios e está doente desde o ocorrido.”

Angela Zaccarelli, médica endocrinologista que estuda os impactos do Polo Petroquímico na região há mais de 30 anos, aponta precipitação da empresa ao dizer que o pó não causa impactos na saúde.

“Há muitos anos fazemos pesquisa na região e sempre nos informam de um pó escuro. Já publicamos estudos na IAG-USP (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo) que ligam o polo à incidência de tireoidismo, fragilidade ao coronavírus, além de doenças respiratórias e de pele. Agora, tudo que a gente sabe é que o que caiu na casa das pessoas é diferente na coloração, mas não deixa de ser um material particulado. Ele ainda não foi analisado, então como a empresa pode dizer que o teor é inofensivo?”, reflete Angela. 




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