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Diabetes na infância: O poder de comer bem

Gabriel Scanferla, 9 anos, diagnosticado com o tipo 1 da doença, revela à equipe do ‘Diário’ a transformação na rotina alimentar

Jaque Correa
09/06/2024 | 08:00
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André Henriques/DGABC


Imagine que o seu corpo é uma casa e o açúcar é a energia que a mantém funcionando. Em algumas pessoas, essa energia não chega como deveria a todos os cômodos. Isso pode acontecer por dois motivos: a casa não tem energia, ou melhor, insulina suficiente, que é a chave que abre a porta para o açúcar entrar nos cômodos, ou essa insulina está quebrada e não funciona direito. Esse probleminha se chama diabetes.

Gabriel Scanferla, 9 anos, morador do Jardim Marek, em Santo André, foi diagnosticado com diabetes tipo 1 há cerca de um ano. Após a descoberta da doença, o pequeno percebeu a diferença em sua rotina. “Agora vivo um pouco diferente do que antes. Tô comendo as coisas um pouco mais salgadas. Às vezes dá uma vontadezinha de comer doce. O meu favorito é caramelo. Hoje em dia também como mais frutas. A que mais gosto é laranja” relata. 

Jezabel Scanferla, 43, mãe do pequeno, deu detalhes de como foi a adaptação a uma nova rotina de cuidados com Gabriel. “Foi um pouco difícil no início, porque ele era um menino que comia de tudo, a toda hora e não precisava tomar medicamento. De repente, começou com as picadas no dedo e a insulina”, diz.

“Hoje em dia, o que ele quer comer não tem muita restrição, por causa da contagem. A gente faz a contagem de carboidratos e aplica insulina. Ele come e é monitorado a cada duas horas”. Jezabel afirma ainda que, de vez em quando, Gabriel continua a comer um chocolatinho ou alguma coisa do tipo. “Mas sempre com a realização da contagem. Fazemos esse processo também quando ele vai para uma festinha de aniversário.” 

A doutora Mariana Werneck, endocrinologista pediátrica do Hospital São Luiz São Caetano, da Rede D’Or, esclarece as diferenças entre as diabetes. “A diabetes tipo 1 é, classicamente, a forma mais comum entre crianças e adolescentes, e acontece pela falta de insulina, como consequência da destruição de células específicas do nosso pâncreas, responsáveis por sua produção. Mas também tem ocorrido um aumento no número de crianças e adolescentes diagnosticadas com diabetes tipo 2, causada pela forte associação com o aumento dos casos de obesidade nesta faixa etária”.

Segundo a médica especialista, alguns dos principais sinais que podem indicar a presença de diabetes são aumento da sede, da frequência urinária e da fome, além do emagrecimento. 

A alimentação na infância é fundamental para o desenvolvimento físico, mental e emocional das crianças. Uma rotina alimentar rica em nutrientes fornece a energia e os componentes essenciais para o crescimento, a aprendizagem e a saúde em geral. Com isso, Mariana frisa que “um mito bastante famoso é que crianças e adolescentes com diabetes mellitus tipo 1 devem abolir doces e outros alimentos de sua rotina, ficando restritos apenas ao consumo de produtos integrais”.

“A alimentação com a presença de carboidratos, em quantidade adequada, é fundamental na infância para o desenvolvimento e crescimento saudável, razão pela qual o acompanhamento de um especialista se faz primordial não apenas para garantir a saúde e desenvolvimento da criança, mas também para não tornar a alimentação a vilã da diabetes. Lembrando sempre que equilíbrio é tudo”, explica Mariana.

Por fim, a médica conclui que a prevenção também está associada aos diferentes tipos de diagnóstico. “No caso do diabetes tipo 1, por exemplo, não existe prevenção. Por outro lado, no do tipo 2, os erros alimentares e sedentarismo são alguns dos principais fatores que contribuem com a prevalência de obesidade infantil e, consequentemente, com o desenvolvimento deste tipo de diabetes – principalmente quando há histórico familiar”.

E a doutora finaliza, dando dica valiosa: “Então, desta forma, o cuidado global da criança, estimulando uma vida saudável, com incentivo à prática esportiva, alimentação saudável e sono de qualidade, é a principal forma de prevenirmos esta doença nas nossas crianças."




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