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Região supera Capital e Estado em reprovados em teste da CNH

Dados do Detran-SP mostram que 42% (quatro em cada dez) dos condutores falharam em passar em exame prático no Grande ABC

Renan Soares
31/05/2024 | 11:00
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André Henriques

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Quase metade dos candidatos a motoristas é reprovada no exame prático para obter a primeira habilitação nas categorias A e B (moto e carro) no Grande ABC. Os dados foram disponibilizados ao Diário pelo Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo) e mostram que 42% – quatro em cada dez – dos candidatos falharam em passar nos testes aplicados pelo órgão entre janeiro e abril deste ano. O índice supera os registrados na Capital e no Estado.

 Nos três primeiros meses de 2024, foram realizados 24.384 exames práticos na região para obtenção da primeira CNH (Carteira Nacional de Habilitação), sendo que 10.237 foram reprovados no teste devido a algum tipo de irregularidade. O índice é semelhante ao do mesmo período do ano passado, quando foram registrados os mesmos 42%, mas com um número maior de avaliações, 29.226 com 12.417 reprovações. 

O número registrado no Grande ABC em 2024 supera as marcas registradas de reprovações na prova técnica na Capital, com 40%, e no Estado, onde 35% dos condutores foram reprovados. 

Segundo o levantamento do órgão estadual, na região, o principal motivo para a reprovação na categoria A, para motocicletas, é colocar ao menos um pé no chão com o veículo em movimento, com 15,71%. Na categoria B, de carros, interromper o funcionamento do motor sem justa razão – ou deixar o veículo “morrer” – lidera como principal motivo para reprovação, com 27,02%.

Para Pedro Borges, head de Mobilidade Segura do Observatório Nacional de Segurança Viária, conduzir um automóvel ou motocicleta é uma atividade complexa que envolve o domínio do veículo por parte do condutor, das regras de trânsito e a total atenção à sinalização e a outros usuários da via. “Falhas de aprendizado e questões psicológicas podem levar a erros durante a prova prática e contribuir para a reprovação”, diz o especialista.

Filipe Colombini, psicólogo e CEO da Equipe AT, empresa com foco em acompanhamento terapêutico, diz acreditar que uma boa parte do número de reprovação nos testes de direção esteja relacionada ao manejo da ansiedade, principalmente pelas condições estabelecidas para sua realização. “Podemos fazer uma relação com a questão do vestibular, que é ainda pior e é anual. Se a pessoa reprova, ela precisa se preparar por um ano inteiro antes de tentar novamente. O tempo de preparação é longo, com um grande investimento para um único dia de prova”, diz o especialista.

Ele ressalta que no caso da avaliação para a direção, o período é menor, mas ainda envolve tempo de espera para marcar a prova e custos financeiros para o exame. A prova prática exige que o candidato mostre seu desempenho, o que resulta em uma situação extremamente ansiogênica, já que há uma pessoa ao lado observando e anotando cada ação, muitas vezes sem oferecer palavras de apoio ou suporte. Ele avalia como necessário ao candidato um bom preparo e um manejo adequado da ansiedade – e pede ainda melhora do psicológico dos instrutores, para ajudar e deixar o outro à vontade, já que “muitas vezes isso não ocorre”.

Especialistas dão dicas para provas

Manter a calma é a principal dica de especialistas ouvidos pelo Diário para candidatos a motoristas que irão participar do exame prático para obter a primeira habilitação nas categorias A e B (moto e carro). A série de orientações acontece após levantamento do Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo) apontar que 42% – quatro a cada dez – dos condutores falham em passar nos testes aplicados pelo órgão. (Leia mais acima)

Para Talita Rodrigues, diretora de Habilitação do Detran-SP, o primeiro passo para realização do exame de direção veicular é manter a tranquilidade, já que o nervosismo é o principal fator que atrapalha os candidatos no momento do teste. “Além da calma, é importante se atentar às condições da via, principalmente quanto à correta sinalização antes de conversões. O candidato deve ter em mente ainda que alguns erros graves são decisivos para sua eliminação, como avançar sobre o meio fio durante a baliza e interromper o funcionamento do motor, sem justa razão, após o início do exame”, afirma.

Filipe Colombini, psicólogo e CEO da Equipe AT, empresa com foco em acompanhamento terapêutico, diz acreditar que seja necessário um processo mais gradual para que a pessoa possa aliviar a ansiedade e mostrar seu desempenho de forma mais eficiente, em vez de ser avaliada apenas em um dia específico, como nos exames práticos, o que gera extrema ansiedade. Além disso, ele diz que é importante que a pessoa tenha amparo psicológico, seja mediante terapia de consultório ou por meio de ações.

“Existem várias estratégias para lidar com a ansiedade, que geralmente envolvem a regulação emocional. Técnicas como respiração, treinos de relaxamento, distração e treinamento específico para os movimentos necessários durante a direção podem dessensibilizar a ansiedade. Treinar várias vezes, simular situações de avaliação ou ter alguém acompanhando durante os treinos também é importante,” avalia o especialista.

Treinamentos comportamentais e o manejo da ansiedade são fundamentais. Esses treinamentos ajudam a pessoa a se acostumar e estabilizar emocionalmente diante de situações adversas. Realizar muitos simulados práticos e vivenciar a situação podem ser práticas que ajudam bastante nestas situações.




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