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Oléo vaza da plataforma submersa da Petrobras
Do Diário OnLine
20/03/2001 | 18:15
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A plataforma P-36, a maior flutuante do mundo, localizada na Bacia de Campos, litoral Norte do Rio de Janeiro, afundou completamente na manhã desta terça-feira. Agora, a empresa se preocupa em conter o vazamento de 1,2 milhão de óleo diesel e de 300 mil litros de petróleo armazenados na estrutura.

Até a tarde desta terça-feira, 7 mil litros de óleo já vazaram, causando um mancha de 20 quilômetros quadrados. Os trabalhos para conter a mancha estão sendo dificultados com o mau tempo. A empresa usa dois barcos, formando uma barreira em linha reta para evitar a dispersão do óleo.

Apesar da preocupação, o engenheiro de equipamentos da empresa, Eduardo Secchim, disse que a mancha está sob controle. Ele explicou que está sendo usado um produto dispersante para o óleo. A substância é usada quando sai da barreira de contenção e não pode ser recolhida pelos barcos.

Além dos dois barcos que formam a barreira de contenção, há dois outros fazendo a dispersão do produto e outros seis preparados para entrar em ação em caso de necessidade.

A empresa informou que a plataforma está quase afundada, há 1.350 metros de profundidade. O presidente da empresa, Henri Philippe Reichstul, disse que não há como impedir o vazamento, já que os reservatórios não agüentariam a pressão enquanto submersos. Ele garantiu que o vazamento não causará danos ambientais de grandes proporções. O presidente da empresa informou que 90% do vazamento será de óleo diesel, o que é “bom”. Ele informou que este tipo de óleo é mais leve e de fácil evaporação.

O secretário estadual de Meio Ambiente, André Corrêa, disse que a hipótese de o óleo chegar às praias do Rio de Janeiro é muito pouco provável. Para ele, isso só aconteceria "se tudo desse errado". O secretário informou que esse acidente é de menores proporções em comparação com aquele que ocorreu no ano passado, na Baía de Guanabara.

O secretário do Meio Ambiente informou também que a empresa será multada. No entanto, o valor da multa ainda não foi divulgado, já ainda não é conhecida a gravidade do acidente.

Investigação - A comissão que apura as causas do acidente na P-36 terá 30 dias para divulgar os resultados. O coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros, Maurício Rubem, disse que o afundamento prejudica as investigações. A questão agora é verificar em que posição ela caiu no fundo do oceano, porque, dependendo da posição, os flutuadores podem ter sido danificados.

Segundo o gerente da Petrobras na Bacia de Campos, Carlos Eduardo Bellot, o ideal seria examinar o local exato do acidente, mas, como isso não é possível, serão usados outros recursos, como ouvir os que estavam na plataforma no momento das explosões.

A plataforma, de 31 mil toneladas, era avaliada em US$ 500 milhões pelo seguro. Produzia 80 mil litros de barris de óleo por dia, o que corresponde a 6% da produção diária de petróleo nacional.

Na última quinta-feira, ocorreram três explosões na plataforma, que causaram a morte de dez pessoas e deixaram uma gravemente ferida. Sérgio Santos Barbosa, 41 anos, teve 98% do corpo queimado e está hospitalizado em estado extremamente grave.

Os corpos das outras nove vítimas ficaram presos à plataforma e apenas um foi resgatado, o de Sérgio dos Santos Souza. Com a submersão, a empresa descarta as chances de encontrar os demais corpos. Mesmo assim, a viúva Vanúsia de Souza Oscar, mulher do técnico Charles Roberto Oscar, conseguiu na Justiça carioca determinação para que a Petrobras resgate o corpo de seu marido a qualquer custo.

Comoção — A submersão da plataforma causou verdadeira comoção entre trabalhadores da Petrobras e familiares das vítimas. A P-36 levou cerca de 15 minutos para, de uma inclinação de 90 graus, afundar completamente. Nos últimos minutos em que parte da plataforma ainda podia ser vista, funcionários, em desespero, choravam. Ao saber da notícia, os familiares dos funcionários cujos corpos estavam presos à plataforma passaram mal e alguns desmaiaram.

Segundo Reichstul, a atenção da empresa se volta, neste momento, para o amparo das famílias das vítimas desaparecidas, com assistência psicológica e material. Nesta quarta-feira as famílias das nove vítimas não resgatadas devem ser levadas ao mar para uma homenagem.

A P-36 havia chegado, no início da manhã desta terça, ao ponto mais crítico desde que começou a afundar, na quinta. Durante a madrugada, a embarcação fez um movimento brusco e os técnicos interromperam seus trabalhos e evacuaram todas as embarcações ao redor. A única operação que continuava era a injeção de nitrogênio nos tanques 32 e 43.

Por volta das 10h30, a parte da plataforma onde fica a coluna que concentrou as explosões afundou abaixo da marca de medição e rapidamente se inclinou aos 35 graus, limite que, segundo a Petrobras, não possibilitaria mais o resgate.

Pouco depois ela virou para 90º e penetrou de uma vez no fundo do oceano.




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