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País deve retomar taxa de investimento de 2001
Leone Farias e
Adriana Mompean
Do Diário do Grande ABC
14/02/2004 | 19:44
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Em 2004 o Brasil deverá retomar a taxa de investimento de 19% do PIB (Produto Interno Bruto), registrada em 2001, depois de sofrer queda em 2003 para algo em torno de 17%, segundo estimativas de especialistas. A taxa de investimento é a soma de aportes públicos e privados no país, seja em infra-estrutura ou no setor produtivo e também das famílias por meio de aplicações em poupança. "O investimento caiu muito no ano passado e já vinha em queda", afirmou o diretor executivo do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), Júlio Almeida. Ele destaca que países como a China e a Índia têm taxas próximas de 30%. "Precisamos chegar a 22%", disse.

Segundo Almeida, o nível desse indicador é o que dá suporte para a economia. "Senão, daqui a dois ou três anos, com o consumo crescendo, não haverá capacidade de abastecê-lo", afirmou. Já o pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Fábio Giambiagi, estima que a taxa de 2003 fechou em 18% (dado ainda não consolidado), mas ele também avalia que 22% seria "o número necessário para se aspirar a um crescimento sustentado".

Fatores – Almeida avalia que o crescimento da economia pode contribuir um pouco para melhorar essa taxa, ao dar um ânimo ao empresário para investir. "Outro determinante é o custo desse investimento e, por isso, a taxa de juros é um elemento importante", disse. O delegado da regional ABC do Corecon (Conselho Regional de Economia), Elias Júlio Pozenato, concorda que a redução da Selic é importante para a retomada. "Mas o Brasil está vivendo uma conjuntura favorável, com o câmbio estruturado e inflação controlada."

Além da necessidade da queda de juros, o diretor de comunicação e tecnologia de informação do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Diadema, Donizete Duarte da Silva, disse que é preciso um aumento de disponibilidade de capital para investimentos da atividade produtiva. "O volume de capital disponível para financiamento é pequeno no Brasil, em torno de 20% do PIB. Em países como Estados Unidos e Japão, o montante chega a ser de 100% do PIB", diz.

Já na opinião de César Garbus, diretor do Ciesp de São Bernardo, a retomada ocorre na agroindústria e em setores ligados à exportação e que estão com o mercado aquecido. Garbus acredita que há uma tendência para a ampliação de investimentos no setor de autopeças, já que a indústria automobilística está tendo um bom desempenho no mercado externo. Em 2003, o setor fechou com superávit de US$ 4,7 bilhões na balança comercial.

O diretor do Ciesp de Santo André, Shotoku Yamamoto, afirmou que o setor petroquímico da região deverá ganhar impulso com a assinatura de acordo entre a Petrobrás e a Petroquímica União para fornecimento de gás de refinaria. Já em relação aos demais setores, ele avalia que a retomada dos investimentos irá depender da política macroeconômica do governo. "Setores voltados para o mercado externo devem investir neste ano", afirmou.




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