"O apoio da opiniao pública à guerra começa a diminuir, e o poder tenta aliviar essa pressao", comenta o analista político Andrei Piontkovski, do Centro de Estudos Estratégicos.
"O risco de atos terroristas aumenta e subsistirá todo o tempo enquanto nao tenhamos exterminado os bandidos", afirmou Putin na semana passada antes de colocar a polícia e as unidades do ministério do Interior em estado de alerta.
Esse anúncio voltou a despertar um clima de psicose entre os russos depois das explosoes que deixaram um resultado de 293 mortos no país, em agosto e setembro passados, sendo incentivado desta vez pelas autoridades que o atribuem, sem provas concretas, aos "terroristas chechenos".
Esse estado de alerta se produz num momento em que as forças russas chocam-se na capital chechena com uma forte resistência dos rebeldes, enquanto fontes independentes referem-se a perdas até cinco vezes mais significativas que as reconhecidas oficialmente.
"O futuro político de Putin periga, porque as pessoas começam a compreender que o preço a pagar representa milhares de mortos", acrescentou Piontkovski, para quem "nao seria surpreendente" constatar efetivamente atentados nas próximas semanas.
Alguns observadores citaram várias vezes a hipótese de que os atentados de agosto e setembro pudessem ter sido praticados pelo próprio serviço secreto, com finalidades políticas.
"Para Putin, uma onda de atentados agora representaria uma tragédia política porque provaria sua incapacidade de dar segurança à populaçao", estimou Andrei Riabov, da sede moscovita do centro Carnegie.
Para Riabov tais atos sao pouco prováveis porque, segundo ele, serviriam aos interesses dos separatistas chechenos que contam com a condenaçao da Rússia pela comunidade internacional. Mas o uso da ameaça terrorista serve ao Kremlin, pois justifica a intervençao russa na Chechênia, acrescentou Riabov.
Uma lógica preventiva, uma vez que, apesar das críticas cada vez mais intensas da imprensa e dos defensores dos Direitos Humanos, a opiniao pública ainda apoia o uso da força na Chechênia.
Segundo o instituto de pesquisas VTSIOM, 59% dos russos afirmam ser favoráveis à campanha militar em curso na Chechênia. A sondagem, publicada na ediçao de terça-feira da revista Itogui, foi feita, no entanto, antes do anúncio recente das consideráveis perdas russas e de se conhecer as grandes dificuldades pelas quais passam os soldados russos em Grozny.
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