Os quatro médicos foram acusados em depoimento na Comissão pelo diretor da Faculdade de Medicina de Taubaté, Roosevelt de Sá Kalume. Na ocasião, Kalume acusou os médicos de acelerarem a morte de pacientes com o intuito de retirar seus órgãos e vendê-los para transplantes. Ele afirma que, de acordo com os prontuários dos pacientes, dois deles não apresentavam morte cerebral, e havia dúvidas em relação à morte de outros dois.
Torrecillas disse que a inveja e o ciúme foram os motivos para o ex-diretor da Faculdade de Medicina de Taubaté acusar os quatro médicos paulistas de praticar eutanásia. Ele disse que na época o Conselho Regional de Medicina não apontou indícios de tráfico de órgãos ou de erro nos transplantes realizados em Taubaté.
O neurocirurgião Antônio Aurélio de Carvalho Monteiro disse, durante o depoimento, que as acusações sobre sua equipe foram irresponsáveis e levianas. Segundo Monteiro, os inquéritos de processo do Ministério Público apresentam várias falhas técnicas. Ele lembra que o Conselho Regional de Medicina de São Paulo divulgou nota em 1988 que afirma que “não existe no processo qualquer evidência de que tenha havido por parte dos denunciados a prática da eutanásia ou de comercialização de órgãos, tendo sido a retirada de órgãos sempre efetuada após a constatação da morte encefálica”.
O médico Rui Noronha também negou a prática de eutanásia. Noronha denunciou que exames que comprovam a regularidade das cirurgias foram retirados dos prontuários médicos de pacientes. Entre os exames, citou eletroencefalograma que comprovam a morte de pacientes.
Os depoimentos dos quatro médicos estão sendo tomados separadamente, a pedido do presidente da CPI, deputado Neucimar Fraga (PL-ES). Eles estão sendo processados por homicídio doloso. Se forem condenados, podem pegar até 26 anos de prisão.
Mais denúncias - O deputado Neucimar Fraga apresentou à comissão matéria veiculada em programa jornalístico de TV há cerca de 15 dias na qual duas enfermeiras que faziam parta da equipe de transplantes do hospital municipal Santa Isabel, em Taubaté, onde os médicos trabalhavam, denunciam a prática de eutanásia.
De acordo com a Agência Câmara, na reportagem, Rita Maria Pereira e Belmira Ângela Bittencourt explicam a forma com que os médicos procediam a eutanásia em pacientes supostamente vitimados por morte cerebral. Em um dos casos, o paciente que estava sendo preparado para a retirada de órgãos dava sinais claros de vida, quando um dos médicos cortou com bisturi artéria próxima ao coração, provocando morte por hemorragia.
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