O processo criminal que culminou na cassação do mandato de Ramon Ramos (DEM), na primeira quinzena de março, apresenta duas contradições do democrata que foram preponderantes para sua condenação por porte ilegal de arma.

O Diário teve acesso à ação. No dia 15 de novembro de 2006, Ramon foi pego em flagrante - após denúncia - com revólver Taurus calibre 32, em estado ruim, carregado com três cartuchos, numa choperia de São Caetano. No momento da prisão, o democrata disse que estava com a arma por segurança pessoal, diante da onda de violência pela qual São Paulo passava naquele momento. No mesmo depoimento, afirmou que havia achado a arma em meio à sucata de seu comércio de reciclagem.

Porém, em interrogatório do dia 25 de abril de 2007 (cinco meses e dez dias depois do delito) Ramon disse que já possuía o revólver há um ano e teria adquirido de um desconhecido. A outra contradição foi a declaração de que estava armado na ocasião em que foi pego porque iria participar do resgate da filha sequestrada de um secretário da Prefeitura de São Bernardo.

O processo só foi concluído dia 21 de janeiro de 2009. Ramon foi condenado a dois anos de reclusão, que foram transformados em pena alternativa, de prestação de serviços comunitários pelo mesmo período. Em consequência da condenação, o TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) determinou a cassação do mandado de vereador do democrata. Mauro Miaguti (DEM) assumiu a cadeira.

Agora, ambos brigam na Justiça: um para voltar ao posto e o outro para permanecer na cadeira. Segundo parecer da Procuradoria Regional Eleitoral, o retorno de Ramon - que tem evitado comentar o assunto - é remoto.