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CPI: relator diz que Palhares 'fabricou' laudo de PC
Do Diário do Grande ABC
16/11/1999 | 13:40
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O relator da CPI do Narcotráfico em Campinas, Pompeo de Mattos (PDT-RS), desembarcou nesta terça na cidade disparando graves acusaçoes contra o legista Fortunato Badan Palhares. O parlamentar afirmou que "Badan vende laudos" e reafirmou sua suspeita de que o laudo feito pelo legista sobre as mortes do empresário Paulo Cesar Farias e sua namorada, Suzana Marcolino, em 1996, teria sido encomendado pelo crime organizado. Palhares deveria ser ouvido na quarta, mas a CPI decidiu deixá-lo por último e o legista falará somente na quinta.

"Nao tenho dúvidas de que o laudo sobre a morte de PC é falso, porque o Badan faz laudos falsos", afirmou Pompeo. "Ele (Palhares), trabalha para quem paga mais e, normalmente, quem paga melhor é o crime organizado. Como o caso PC era grave e o crime organizado é quem paga mais, nao tenho dúvidas de que Badan se prestou a esse serviço".

Fiel ao seu estilo truculento, Pompeo nao economizou na artilharia contra o legista. "É um profissional que presta serviços conforme sua conveniência", afirmou. "Os laudos dele têm mostrado interesses que lhe convém financeiramente ou para abafar crimes hediondos, como é o caso do narcotráfico".

Pompeo disse, ainda, haver indícios de que o deputado Augusto Farias, irmao de PC, estaria envolvido com crime organizado. "Há uma grande possibilidade, mas a investigaçao é dura", afirmou. Segundo o relator da CPI, as apuraçoes feitas no Acre e no Maranhao transcorreram com mais facilidade. "Naqueles Estados, os envolvidos deixaram um rastilho de pólvora, mas em Campinas as pessoas sao mais cuidadosas", disse. "Vamos ter mais dificuldades para conseguir provas".

Além de tentar ligar a morte de PC Farias ao crime organizado, Pompeo também tentará mostrar que o legista teria agido de forma desonesta em outros casos. Um deles, segundo o deputado, refere-se à reconstituiçao do busto do padre francês Marcelino Champagnat, beatificado pelo Vaticano.

Segundo Pompeo, Palhares teria envolvido a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) no caso apenas para "puxar o negócio para ele e receber R$ 14 mil por fora".

O deputado disse que foram feitas três minutas de contrato, mas a universidade nao assinou nenhuma. "Por causa disso, Badan mandou um escultor de cemitério fazer o busto falso e agora está rindo à toa com os R$ 14 mil no bolso", afirmou Pompeo. "Ele (Palhares) pode até ser um bom profissional, mas nao tem nenhuma ética".

O deputado admitiu que ainda nao ouviu a universidade a respeito desse caso. "Mas temos informaçoes anônimas que partem da própria cidade", explicou. De concreto, segundo Pompeo, há apenas gravaçoes em fitas cassete feitas pelo atual diretor do Departamento de Medicina Legal da Unicamp, Ricardo Molina de Figueiredo, e suspeitas levantadas pelo deputado estadual Renato Simoes (PT). Ambos sao desafetos declarados de Palhares.

A advogada do legista, Tereza Doro, disse nesta terça que levará à CPI cerca de 500 documentos capazes de provar a inocência de Palhares. "Temos todas as provas, inclusive todo o processo sobre o padre Champagnat", assegura. Quanto à tentativa de ligar o legista ao narcotráfico através do caso PC, ele disse que "tudo nao passa de um absurdo".




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