O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nos dois últimos anos de governo, privilegiou a destinação de recursos para as prefeituras do PT e dos partidos aliados. A única exceção é Mauá que, entre os 80 maiores municípios brasileiros, está entre os dez que menos receberam recursos federais. Justamente Mauá! Um dos 100 municípios mais pobres do Brasil, com baixa relação receita-per capita, governado pela terceira vez por um prefeito que apregoa aos quatro cantos a sua ‘boa relação' com Lula.

Será que o ‘companheiro' Lula quis prejudicar Mauá? Ou será que o governo Oswaldo Dias está tão cego de "amor à cidade" (como diz a propaganda da administração) que se esqueceu de trabalhar para aumentar a arrecadação e garantir mais investimentos federais em Mauá?

Certamente, será difícil encontrar as causas para explicar a situação de ser a prefeitura do PT que obteve menos recursos durante o governo do próprio PT. Mas leitura das entrevistas realizadas por este Diário durante a crise provocada pelas enchentes e deslizamentos do mês de janeiro nos dá pistas para entender o porquê.

Nas reportagens está evidente o descontentamento popular com as práticas políticas e administrativas do prefeito Oswaldo Dias. Para os moradores ouvidos pelo jornal, o prefeito já foi bom no passado, deixou de se preocupar com os problemas das pessoas, não está fazendo nada e está muito acomodado no cargo. A imagem do ‘bom velhinho' definitivamente é coisa do passado.

A tragédia apenas evidenciou o grau de abandono, de paralisia e o total descompromisso da administração local com os reais problemas da população. Hoje, Mauá vive um desgoverno, que é fruto da opção de seus mandatários de preferir garantir apoios a qualquer custo em detrimento de trabalhar de verdade pela cidade. Na Prefeitura de Mauá tudo virou politicagem ou moeda de troca para garantir a continuidade do governo do PT.

Os resultados estão aí. Além de ser um dos municípios que menos obtiveram investimentos federais, Mauá vive o total descompasso com o bom momento de prosperidade da economia nacional.

Enquanto o País cresce e inclui segmentos populares em níveis aceitáveis de consumo, Mauá segue pobre, muda e abandonada por sua classe dirigente. Até quando?

Mateus Prado é presidente do Instituto Henfil.