O julgamento deverá ser retomado na próxima sexta-feira, 12 de novembro, possivelmente com restrições ao acesso da imprensa. O líder da organização maoísta Sendero Luminoso, Abimael Guzmán, estava sendo submetido pela primeira vez a um julgamento público, por acusação de crime de terrorismo.
Junto a Guzmán, chamado por seus partidários de 'presidente Gonzalo', compareceram à corte outros 17 integrantes da cúpula de sua organização, que podem pegar penas de 22 anos de reclusão à prisão perpétua, conforme solicita o Ministério Público.
O julgamento se inscreve na adequação da legislação peruana aos pronunciamentos da Corte Interamericana de Direitos Humanos, que considerou que as leis aprovadas durante os últimos dez anos sob o regime do ex-presidente Alberto Fujimori não davam garantias devidas ao processo.
Essa é a primeira vez em dez anos que Guzmán aparece em público, porque o julgamento passado diante de um tribunal militar foi realizado a portas fechadas. A última vez que o fundador do Sendero Luminoso apareceu em público foi logo após sua captura, em 1992, vestido com uniforme de presidiário e atrás das grades.
Entre outros direitos, o Poder Judiciário permitiu que cada réu leia seus respectivos processos como parte da defesa. O Ministério Público pediu prisão perpétua para Guzmán e outros oito integrantes do Comitê Central senderista, entre eles sua companheira Elena Iparraguire, também detida.
A acusação também solicitou aos membros do grupo uma contribuição "solidária" de um milhão de novos sóis (cerca de US$ 300 mil), como reparo civil em favor do Estado.
A Comissão da Verdade chegou à conclusão de que o Sendero Luminoso foi o "grupo que mais violou os direitos humanos, usando uma metodologia de terror". Além disso, acusou as Forças Armadas de terem incorrido na prática sistemática de violações aos direitos humanos".
O advogado de Guzmán, Manuel Fajardo, denunciou à imprensa que o julgamento é irregular porque se realiza no interior de uma dependência do Ministério da Defesa, quando deveria ser feito num tribunal civil.
Do lado de fora da base naval, o julgamento era aguardado por grupos de familiares das vítimas dos atos cometidos pelo Sendero Luminoso, entre elas viúvas de policiais e de autoridades civis assassinadas em atentados terroristas.
O conflito interno desencadeado pelo Sendero Luminoso em 1980 deixou mais de 69 mil mortos nas duas últimas décadas, segundo a Comissão da Verdade e Reconciliação.
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