O freio ABS (Sistema Anti-bloqueio) está comemorando 25 anos de Brasil. Mas a história de seu desenvolvimento é muito mais antiga. Começa em 1936, quando Robert Bosch, fundador da empresa que leva o seu nome, iniciou as pesquisas e registrou a patente de um "mecanismo para prevenção do travamento de rodas de um veículo". Esta, aliás, é a principal missão do ABS: evitar o travamento das rodas em frenagens de emergência, permitindo que o automóvel obedeça a trajetória determinada pelo volante e que o motorista desvie do obstáculo, caso não haja espaço suficiente para imobilizar o carro.

O sistema atua diretamente nas rodas ao detectar, numa fração de segundos, por meio de sensores, que uma delas está desacelerando mais rápido que as demais. Assim, o ABS age antes que o bloqueio se confirme, promovendo a redução de pressão hidráulica da roda em questão – até que esta se estabilize, retorne à mesma velocidade do automóvel e possa ter o freio novamente aplicado.

O ABS entrou em produção de série em 1978, equipando o Mercedes-Benz S Cass. Entretanto, em 1936, os protótipos desenvolvidos eram muito complexos e apresentavam problemas com o tempo de resposta do mecanismo. Em 1964, o projeto de desenvolvimento de um sistema que evitasse o travamento das rodas, permitindo a dirigibilidade do veículo e que reduzisse a distância de parada, foi retomado pela Teldix, subsidiária da Bosch na Alemanha, chegando-se à estrutura básica denominada ABS 1.

Apesar de ser formada por 1000 componentes analógicos e conexões de segurança, a Unidade de Controle do ABS 1 ainda precisou passar por melhorias para poder ser fornecida em grande volume. Foi o advento da tecnologia digital que viabilizou os principais avanços, reduzindo o total de componentes eletrônicos para 140 e permitindo que, em 1978, o ABS 2 fosse produzido em série.

Mundialmente, o ABS já atingiu a incrível marca de 69% de taxa de instalação em veículos novos em todo o planeta e, como prova do reconhecimento internacional de sua efetividade, foi eleito equipamento de série em todos os veículos novos vendidos nos países da comunidade Européia, a partir de 2004.

No Brasil, o ABS 2 Bosch chegou pela primeira vez aos consumidores nas famílias Santana, da Volkswagen, e Versailles, da Ford. Ao longo dos últimos 25 anos, os contínuos avanços na ampliação da capacidade de processamento do ABS deram origem a novos sistemas que ampliaram significativamente as margens de segurança dos veículos, como o Programa Eletrônico de Estabilidade (ESP) e o Sistema de Controle de Tração (TCS).

Estatísticas mostram ainda que, além da educação para o trânsito, o uso freqüente de sistemas de modulação tem real contribuição na redução do número de vítimas de acidentes de trânsito. Coincidência ou não, nos países onde a instalação destes sistemas é mais freqüente o índice de vítimas fatais/10.000 veículos apresenta diferenças significativas com os dados brasileiros. Números do Denatran mostram que, enquanto no Brasil este índice é de 6,80, na Alemanha, onde a taxa de instalação de ABS é de 92% da frota circulante, ele é de apenas 1,46. São dados como estes que certamente influenciaram a comunidade Européia na decisão de aplicar o sistema em todos os veículos vendidos na Europa a partir do ano que vem.