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Privatização da Sabesp desagrada maioria em cinco das sete cidades

Pesquisa mostra que moradores de Santo André, São Bernardo, Diadema, Mauá e Rio Grande criticam desestatização; elogios em São Caetano e Ribeirão

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
07/01/2024 | 07:00
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Divulgação


Moradores de cinco das sete cidades do Grande ABC veem com ressalvas a privatização da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), que está em andamento por parte do governo estadual.

Em Santo André, São Bernardo, Diadema, Mauá e Rio Grande da Serra, a maioria dos munícipes se posicionou contra a desestatização da companhia estadual. Em São Caetano e em Ribeirão Pires, o índice de aprovação supera o de rejeição – sendo que, em São Caetano, mais da metade dos moradores veem com bons olhos a venda da autarquia para a iniciativa privada.

Os números foram compilados pelo instituto ABC Dados, que ouviu 2.800 moradores do Grande ABC – sendo 400 em cada uma das sete cidades no dia 18 de dezembro, por meio de contato telefônico. A margem de erro é de cinco pontos.

Em São Caetano, 54% dos munícipes afirmaram ser favoráveis à privatização da Sabesp. Outros 39% responderam ser contrários e 7% não souberam opinar. São Caetano é a única cidade do Grande ABC onde o esgoto e a água não são gerenciados pela Sabesp – e sim pelo Saesa (Sistema de Água, Esgoto e Saneamento Ambiental).

Em Ribeirão Pires, 42% dos entrevistados elogiaram a iniciativa de transferir a Sabesp para o setor privado e 41% questionaram – 17% não souberam responder.

Projeto de lei de autoria do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) foi aprovado pelos deputados no começo de dezembro em uma sessão turbulenta – houve enfrentamento de manifestantes e a PM (Polícia Militar), confusão que fez com que a oposição se retirasse do plenário e não participasse da votação.

O município da região onde há o maior índice de rejeição à desestatização é Rio Grande da Serra, com 51% dos entrevistados condenando a medida – 30% elogiaram e 19% não souberam responder.

Nas grandes cidades, Santo André registrou 34% da população a favor e 57% contra, São Bernardo teve 38% de favoráveis e 45% de contrários, Diadema possuiu 36% de munícipes que veem com bons olhos o projeto ante 47% de críticos, e Mauá computou 35% de pessoas a favor e 47% de contrários.

“O perfil médio do morador de São Caetano (escolaridade mais alta e renda mais alta), distinto da região, ajuda a explicar esse posicionamento (da cidade com relação à privatização). Essa posição se repete nesses estratos de renda e escolaridade mais alta das demais cidades, mas que nelas são minoritários. Nesses segmentos, a defesa da tese da privatização e da menor presença do Estado na economia é mais aderente”, comentou Marcos Soares, sociólogo e analista do ABC Dados.

“Outro aspecto que merece ser considerado, embora não tenha sido abordado na pesquisa mas que está interligado com o tema, é a questão da distribuição de energia elétrica. Recentemente a Região Metropolitana sofreu uma interrupção do fornecimento que durou vários dias, isso impactou também o fornecimento de água. Santo André, Mauá e São Caetano foram as cidades da região que mais sofreram nesse episódio. E o fato de a tese da privatização de serviços públicos ser um tema atravessado pelo debate ideológico, também ajuda a explicar a maior adesão à privatização da Sabesp nas cidades onde a desaprovação de Lula é mais alta e onde a sua votação em 2022 foi proporcionalmente mais baixa”, adicionou o especialista.

O governo estadual diz que a nova legislação tem por objetivo garantir a antecipação da universalização do saneamento básico, de 2033 para 2029, quatro anos antes do prazo inicial, e viabilizar a inclusão de cerca de 1 milhão de pessoas em áreas rurais e comunidades carentes nos serviços de água e esgoto, com tarifas reduzidas.

“Obviamente, é um projeto que tem sua complexidade, mas vamos debater e explicar o quanto for necessário para mostrar a vantajosidade do que está sendo construído, para mostrar que o que a gente quer é água chegando na torneira de todo mundo. Estamos construindo um modelo de vitória que universaliza o acesso, aumenta a oferta e segura a tarifa. É um modelo que vai ser exemplo para todo o Brasil”, afirmou Tarcísio, durante a sanção da lei, no dia 8 de dezembro.




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