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Dinheiro para ter um bom princípio

Tradição de as crianças pedirem um trocado no primeiro dia do novo ano teria vindo da Itália

Jaque Correa
Especial para o Diário
31/12/2023 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Mesmo sem uma origem certa, há quem diga que a tradição de desejar ‘bom princípio’ e pedir um dinheirinho aos adultos no primeiro dia do Ano Novo veio da Itália. Teria sido trazida pelos imigrantes na época da colonização do Brasil, quando as crianças percorriam casas e comércios das cidades para desejar um “buon principio d’anno”, e geralmente ganhavam uns trocados ou doces em troca. 

Esse costume foi se expandindo e se tornou uma tradição entre famílias brasileiras. E todo dia 1º de janeiro, pais, avós e tios dão dinheiro para as crianças guardarem em seus cofrinhos, almejando um bom começo de ano. 

Quem leva muito a sério essa tradição é Antonio Valdir Franco, 76 anos, morador do bairro Valparaíso, em Santo André. Na última semana de 2023 ele tinha cerca de R$ 300 em moedas de R$ 1, que guardou durante todo o ano, para dar de bom princípio. 

Seu Antonio passou boa parte da infância no lugar em que nasceu, uma área rural, em Mirassol (interior paulista), onde conheceu essa tradição. No Ano Novo as crianças da região ficavam na expectativa de pedir moedas pela cidade. Franco, que vem de família italiana, relembra como esse costume era presente em sua casa. “Meu nono (avô), me dizia assim: ‘Teu bom princípio está aqui’. Pegava o paletó, chegava perto de mim, colocava a mão na minha cabeça, e dizia ‘agora você vai procurar e pegar o seu bom princípio de ano novo. Samba, samba, sambadô, ponha a mão no bolso do vovô’. Assim eu fazia, colocava a mão em seu bolso e tinha umas moedas grandes. Eu ficava muito feliz né, ele fazia isso com todos os netos”, relembra.

Durante todo o ano, Antonio faz questão de guardar as moedas para esse momento escondidas a sete chaves, em seu precioso caneco. Ele passou os 365 dias do ano protegendo as moedas para que ninguém pegasse, nem mesmo para comprar um sorvete ou balas, afinal de contas, elas já têm um destino a ser cumprido.

Pai de quatro filhas – a mais nova é Valentina, de 8 anos – e avô de oito netos, seu Antonio, assim como seu nono fazia, espera ansiosamente o primeiro dia do ano para presentear sua família com as moedas de bom princípio. “Eu sempre cultivei isso, aí foram nascendo as filhas, os netos, e se tornou uma tradição. É uma história que ficou meio perdida no tempo, eu gosto muito, traz muitas alegrias. Não é igual de quando eu era criança, mas traz lembranças como as do meu avô”, conclui.




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