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S.Bernardo vê eleição polarizar entre Alex e PT, com redução de Morando

Deputado federal do Cidadania e deputado estadual do PT consolidam candidaturas em suas raias eleitorais em meio à indefinição do governo

Raphael Rocha
30/12/2023 | 07:00
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O desenho do cenário eleitoral de São Bernardo aponta para uma polarização das pré-candidaturas do deputado federal Alex Manente (Cidadania) e do deputado estadual Luiz Fernando Teixeira (PT). Os dois projetos eleitorais avançam em suas estratégias em cada campo político e aproveitam a indefinição no grupo do prefeito Orlando Morando (PSDB) para consolidação das táticas, com isolamento e redução da força do tucano no processo.

Reeleito em primeiro turno com 67% dos votos e alto índice de aprovação, Morando passou o segundo mandato sem trabalhar um nome sequer para a sucessão. O tom personalista e autocentrado da gestão faz com que nem mesmo aliados mais próximos saibam qual o planejamento do tucano.

O nome mais especulado nos bastidores do Paço é o do ex-deputado federal e ex-vice-prefeito Marcelo Lima (PSB). Cassado em novembro por infidelidade partidária, Marcelo tenta se manter como líder de um grupo político que conta com boa parte dos vereadores da cidade. Tem aparecido nas agendas do governo, discursa e exalta Morando sempre que pode. O Diário apurou que, na semana passada, em reunião com seus vereadores aliados, Marcelo teria dito que recebeu a bênção de Morando para ser o candidato governista, apesar da cassação do mandato.

Entretanto, há quem diga, nos corredores da Prefeitura, que há possibilidade de mudança em cima da hora. O presidente da Câmara, Danilo Lima (PSDB), vem ganhando prestígio com Morando e se tornou o novo ‘queridinho’ do chefe do Executivo.

Fato é que essa indefinição governista abriu flancos para Alex e Luiz Fernando. A ponto de as duas candidaturas serem constantemente sondadas por vereadores morandistas sobre o embarque para 2024. Alguns parlamentares já confidenciam que Morando pode repetir o ex-prefeito e hoje ministro do Trabalho, Luiz Marinho (PT), e, apesar dos bons índices de aceitação ao seu governo, não emplacar o sucessor – nem mesmo para o segundo turno.

Depois de ficar fora de uma eleição municipal pela primeira vez em 12 anos, Alex Manente anunciou disposição em estar nas urnas no ano que vem. O foco de sua comunicação mudou – reduziu o volume de informações a respeito da atuação em Brasília e começou a centrar debates a respeito do futuro de São Bernardo – e ele iniciou tratativas de montagem de grupo que tentará levá-lo ao poder pela primeira vez no município.

O primeiro grande passo foi se reconciliar com o vereador Julinho Fuzari (PSC) e colocá-lo como figura central da construção do projeto eleitoral. Alex já declarou desejo em ver Fuzari como seu vice e concedeu ao parlamentar a missão de coordenar a montagem da chapa de candidatos a vereador.

Na sequência, Alex viu o secretário da Pessoa com Deficiência e Cidadania, o vereador licenciado Pery Cartola (PSDB), anunciar apoio à sua candidatura – Pery defendeu, inclusive, que Morando tenha Alex como o postulante governista. Os vereadores Glauco Braido (PSD), integrante do MBL (Movimento Brasil Livre), e Paulo Chuchu (PRTB), aliado direto da família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), também aderiram ao projeto. Assim, Alex consolidou boa fatia da direita de São Bernardo.

O planejamento de Luiz Fernando foi antecipar o debate dentro do PT para aproveitar parte do segundo semestre para costurar seu plano eleitoral. Depois de ouvir de Marinho que ele não seria candidato em 2024, Luiz Fernando correu para aparar arestas com o deputado estadual Teonilio Barba (PT) e com integrantes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Em julho, o diretório do PT sacramentou que Luiz Fernando seria o candidato da legenda.

Depois da definição interna, Luiz Fernando passou a realizar constantes agendas em Brasília – um dos motes de sua campanha será a de reeditar o livre trânsito de São Bernardo com o governo federal administrado pelo PT. Outros dois pontos favoreceram o parlamentar estadual: uma reunião com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e com Marinho, para colocar São Bernardo na lista de prioridades do petismo nacional para o ano que vem, e o fato de o PT referendar apoio à pré-candidatura do deputado federal Guilherme Boulos (Psol) na Capital – assim, sobrando recursos para a eleição petista são-bernardense.

O PT nacional tem dado sinais de que vai jogar peso na eleição em São Bernardo, cidade onde Lula emergiu politicamente nos anos 1970 nas grandes greves sindicais. A ideia é buscar recuperar o cinturão vermelho visto na região no início dos anos 2000, uma vez que as reeleições do prefeito de Diadema, José de Filippi Júnior (PT), e do prefeito de Mauá, Marcelo Oliveira (PT), também são apontadas como prioritárias para a legenda.




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