Concessionária respondeu documento enviado pelo deputado estadual Luiz Fernando Teixeira; sobre reclamações, concessionária diz responder “prontamente”
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A Ecovias respondeu o ofício enviado pelo deputado estadual Luiz Fernando Teixeira (PT), que pedia esclarecimentos sobre as inúmeras queixas realizadas contra a empresa nos últimos meses, o que inclui cobranças duplas, alto preço dos pedágios e buracos na pista. Na resposta à Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), a concessionária alega que tem retornado “prontamente todas as reclamações”, além de exaltar a certificação de Segurança Viária – ISO 39001 – em suas pistas. O Diário, porém, já mostrou que este é o ano mais letal de toda série histórica, e que o tempo de resposta da Ecovias para as demandas é, na verdade, de 12 dias e 9 horas.
No período de 1º de janeiro a 31 de outubro de 2023, foram registrados 45 óbitos na SP-150, Via Anchieta, e SP-160, Rodovia dos Imigrantes, sendo oito a mais do que em 2017 (ano até então com maior número de mortes no período), quando houve 37 mortes, sendo o maior da série histórica, divulgada desde 2015 pelo InfoSiga, sistema de monitoramento do governo estadual gerenciado pelo Detran-SP (Departamento de Trânsito de São Paulo). Este também será o ano mais letal das vias, visto que o número registrado, 45, já é maior que o de todos os anos completos desde 2015.
Em resposta, a Ecovias disse que dispõe do PRA (Programa de Redução de Acidentes), formado por colaboradores de diferentes áreas técnicas da empresa, que se reúnem semanalmente para analisar ocorrências e propor soluções. No ofício obtido pelo Diário, a empresa exalta a segurança das vias: “merece destaque a certificação de Segurança Viária – ISO 39001, adquirida em julho de 2018. A certificação atesta que a concessionária opera com excelência o Sistema Anchieta-Imigrantes, estabelecendo ações de segurança no trânsito, OSA (Sem Parar, Conectcar, Veloe, C6 Bank, etc) com o objetivo de reduzir o número de acidentes nas estradas, bem como o número de feridos e vítimas fatais”.
O documento foi concedido pelo Tecpar (Instituto de Tecnologia do Paraná), que disse não realizar comentários sobre certificados vigentes de seus clientes por questões de compliance e de sigilo de informações confidenciais. “O certificado é emitido por meio de auditoria de conformidade no sistema documental em relação aos requisitos na norma e na averiguação das ações produtivas implantadas pela empresa. A revisão, normalmente, é efetuada no evento de supervisão, no qual é verificada a evolução das ações da contratante”, disse o Tecpar.
Segundo a empresa, a ISO 39001 é uma certificação voluntária que identifica ações de gestão que promovem a possibilidade de maior eficácia no objetivo de redução de mortes e acidentes no trânsito em geral (urbano, interestadual) em relação ao que uma contratante se propõe.
Outro ponto discutido no documento é o número de reclamações da empresa no site Reclame Aqui, espaço em que consumidores expõem as suas queixas e as empresas têm oportunidade de se posicionar. Nele, a Ecovias possui 189 citações nos últimos seis meses e, em um ranking que vai de 0 a 10, tem nota 4,5 e aparece como ‘não recomendada’. A empresa deu um retorno ao ofício semelhante às respostas para o Diário, ao dizer que reconhece a importância do canal e que “embora responda prontamente todos as reclamações registradas”, reforça que não se trata de canal oficial, em termos do contrato de concessão, e que as denúncias na plataforma são repassadas à Ouvidoria.
Embora a empresa realmente responda quase à totalidade das reclamações (99,5% das 189 manifestações do semestre), o tempo apontado como “prontamente” é de 12 dias e 9 horas, em consulta feita ontem. Sobre isso, a empresa retornou que seus posicionamentos “estão no ofício encaminhado pela concessionária à Alesp”. Sobre as cobranças duplicadas, a Ecovias admite a existência de problemas na resposta ao ofício, mas aponta número baixo de casos.
“Em diagnóstico feito pela Concessionária, com o objetivo identificar e solucionar eventuais falhas do sistema de cobrança automática, cumpre esclarecer que, no ano de 2022, a demanda de atendimento manual em cabines automáticas, decorrentes de falha na leitura ou ausência do TAG, representam 2,2% do volume total de tráfego nestas pistas. Já em 2023 (de janeiro a setembro) estes atendimentos caíram para 1,3%”, afirma a Ecovias.
A empresa aponta falhas na leitura do TAG e responsabilidade dos usuários em alguns casos, em razão de dispositivos bloqueados ou até a inexistência do recurso.
PRESSÃO
O retorno acontece depois que o deputado estadual afirmou ao Diário que planejava convocar representantes da concessionária na Comissão de Infraestrutura da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo). “Vou aguardar esta semana, se não haverá uma convocação”, disse Luiz Fernando, que tem domicilio eleitoral em São Bernardo, há duas semanas. Já a Ecovias, informou que havia recebido o ofício e que estava levantando as informações para responder quanto antes, de acordo com seus processos internos.
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