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Estudantes do 9º ano do Colégio Dom Bosco, na Vila Linda, em Santo André, foram acusados de utilizar aplicativo de Inteligência Artificial para gerar e compartilhar imagens de pelo menos nove colegas sem roupa. Os falsos nudes, criados a partir da manipulação de fotografias postadas pelas jovens nas redes sociais, estavam armazenados por um dos investigados há pelo menos um mês, mas foram vazados em 1º de novembro a um grupo de conversas apenas com os garotos da sala.
De acordo com a mãe de uma das vítimas, que compartilhou ao Diário detalhes da denúncia, as imagens foram geradas para “pura satisfação sexual” do jovem de 15 anos, que, por descuido, teve os arquivos no computador descobertos por outro colega que dormia em sua residência. O segundo envolvido, por sua vez, foi o responsável por compartilhar algumas das imagens de alunas nuas com os amigos de classe, por meio de um aplicativo popular entre os jovens, o Discord. Nenhum deles contou aos responsáveis o que ocorria, cabendo apenas ao criador das imagens levantar o tema, por vontade própria e dias após na classe.
As meninas, que têm entre 14 e 15 anos, souberam que tinham as próprias fotografias manipuladas e expostas ainda mesmo durante a aula. “Todas saíram da escola abaladas naquele dia. Minha filha sofreu uma crise de ansiedade e pela primeira vez está indo à terapia. Na cabeça dela, dentro ou fora do colégio, todos que a vissem, saberiam o que aconteceu”, desabafa a mãe, que nem mesmo tem a certeza se até o momento os falsos nudes já deixaram de circular.
Após o episódio, todos os responsáveis das vítimas buscaram auxílio do Colégio Dom Bosco, que entregou advertência a um dos envolvidos e, sob a alegação de que não poderiam expulsar o estudante da escola devido o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), orientaram os pais a protocolarem Boletim de Ocorrência sobre a distribuição das imagens explícitas.
O caso foi registrado no 3° Distrito Policial de Santo André e encaminhado à Vara da Infância e da Juventude da Comarca de Santo André. Enquanto isso, a suspeita dos pais é de que a escola esteja omissa à exposição das jovens, que ainda encontram o criador das imagens nos corredores da instituição particular de ensino.
Segundo o advogado do colégio, Ruy Coppola, são estimados mais 15 ou 20 dias para que a escola finalize um procedimento interno de apuração dos fatos, ouvindo testemunhas e envolvidos, para que qualquer outra medida disciplinar seja aplicada. De acordo com ele, nunca houve casos que envolvessem a problemática da IA e nudes no ambiente escolar anteriormente.
“Os dois deveriam ser expulsos. E não para menos, com esta conduta, já tem pais que vão tirar as adolescentes do Dom Bosco no ano que vem. Só seis imagens inventadas foram vazadas, mas o próprio menino comentou que tinha um material também com boa parte das meninas do colégio. É triste isto e o medo de retaliações pela escola”, finaliza a tutora.
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