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Familiares de vítimas de acidente da Gol cobram ação do governo
01/10/2006 | 22:37
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Parentes dos 149 passageiros do vôo 1907 da Gol – que caiu na sexta-feira dentro de um reserva indígena do Alto Xingu, no Mato Grosso – enfrentam outro problema além da dor pelas mortes: a falta de informações.

Domingo vários familiares fizeram um protesto no fim da tarde, no Aeroporto de Brasília, contra o isolamento a que foram submetidos, desde a queda do avião. O grupo, formado por mais de 30 pessoas – irmãos, filhos, mulheres e maridos das vítimas – exigia uma audiência com representante da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

Todos se queixavam da resistência em divulgar notícias, notada desde o desaparecimento do avião. Ana Camila, filha do passageiro Bruno Maciel, 49, desaparecido no vôo, também protestava contra a resistência da companhia e das autoridades em falar sobre o ocorrido. Ela lembrou que, na sexta, funcionários da companhia aérea chegaram a dizer que o avião pousara em Goiânia. Os protestos alcançaram a entrevista coletiva da diretora da Anac, Denise Abreu.

Ela abriu entrevista coletiva, no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, fazendo um pronunciamento dirigido aos parentes das vítimas do vôo 1907.

Denise disse que a Anac produzirá diariamente, para os parentes, dois boletins com informações sobre as operações de busca e resgate no local do acidente, na divisa entre Mato Grosso e Pará.

Esses boletins, segundo a diretora, serão divulgados com o objetivo de acalmar os parentes e familiares, que reclamam de falta de comunicados sobre o acidente.

Ao final da coletiva, o grupo de parentes se postou à porta da sala gritando: “Queremos informação!” Os manifestantes foram conduzidos até uma sala no aeroporto onde ficaram reunidos com Denise.

Ribeirão Preto – Três famílias de vítimas que residem na região de Ribeirão Preto estão abaladas e aguardam as informações sobre o resgate.

Um parente (que não quis divulgar o nome) de Ricardo Tarifa, 44, funcionário do Bird (Banco Mundial), disse que os familiares está “tentando entender que é uma tragédia” tudo o que aconteceu.

Pedro Nardt, 11, filho do professor Francisco Carlos Nadt, 48, da USP (Universidade de São Paulo) em São Carlos, disse que todos em casa aguardava notícias. Também sem informações sobre o resgate estava a família de Fernando, irmão de Valdinei Roberto Barbero, 43, auditor bancário de Monte Azul Paulista.

Indenização – As chances praticamente nulas de haver sobreviventes abrem a discussão sobre como os familiares dos 155 passageiros do vôo 1907 devem agir para receber indenizações. As companhias aéreas têm um seguro obrigatório fixado em R$ 14 mil e podem oferecer outro de responsabilidade civil, de valor variável – sem contar os danos morais aos parentes, calculados por um juiz.

Sobreviventes – A diretora da Anac evitou responder, na entrevista coletiva, sobre o resultado das operações de resgate das vítimas. A uma pergunta sobre se algum corpo já havia sido resgatado, Denise Abreu disse que isso era um “detalhe macabro” e completou: “Isso é uma questão técnica. Depende do que você considera um corpo”, afirmou, referindo-se ao fato de que as vítimas, segundo as notícias veiculadas até agora, teriam sido mutilados no acidente.

Ela disse também que, do ponto de vista técnico, “é basicamente impossível se afirmar que exista sobrevivente”. Denise acrescentou que um laudo técnico não foi divulgado até o momento com a afirmação de que não existem sobreviventes somente porque as autoridades contam com um milagre.

Dentro da Embraer, fabricante brasileira do jato executivo Legacy 600, há temores de que o equipamento TCAS 2000 que deveria ter soado um alarme para evitar a colisão com o Boeing da Gol tenha falhado.

Assistência – Um avião da Gol levou domingo de Vitória para Brasília cinco parentes dos 14 passageiros capixabas que estavam no vôo 1907.

Em comunicado, a Gol informou que “a prioridade é prestar toda a assistência necessária às famílias e auxiliar as autoridades na busca de sobreviventes.” A assistência inclui hospedagem, transporte, alimentação, assistência médica e custeio dos funerais.




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