A produção cinematográfica belga é rara, mas notável. Ela é o objeto da Mostra do Cinema Contemporâneo da Bélgica que o CCSP (Centro Cultural São Paulo) exibe a partir desta terça. Começa com La Patinoire, programado para as 16h. Os protocolos do cinema e o tratamento de corte dispensado a seus praticantes estão nesse trabalho do diretor Jean-Philippe Toussaint. No filme, um cineasta precisa terminar uma nova fita para mandá-la ao Festival de Veneza. Uma obra sobre os oficiantes da vaidade no cinema, em sessão gratuita, característica comum de toda a mostra.

Quando lançado comercialmente em São Paulo, era Uma Relação Pornográfica, em português, o nome do filme de Frédéric Fonteyne exibido às 18h desta terça. A mostra preserva o título em francês, Une Liaison Pornographique. Um casal se conhece e estabelece encontros periódicos, sem revelar nomes, sem envolvimento. Fonteyne fala de relacionamento, procura o termo (quimérico) do sexo exclusivamente como satisfação. Ou seja, aquele que aborta ao mesmo tempo procriação e amor.

O filme é bom, tanto quanto Rosetta (20h), dos irmãos Luc e Jean-Pierre Dardenne e Palma de Ouro em Cannes. A personagem-título vive oprimida pela mãe, alcoólatra, no trailer que dividem. A moça quer ter uma missão na vida, que não a de salvar uma mulher em estado terminal. Quer ser produtiva, nada mais.