Mesmo com o aporte de R$ 150 milhões anunciado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em julho, a saúde de São Bernardo segue pedindo socorro. A equipe do Diário esteve na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Rudge Ramos após receber denúncias de usuários da unidade, e constatou inúmeros problemas estruturais no equipamento de saúde, como infiltrações e rachaduras nas paredes, além de baldes e panos no chão para contenção de goteiras. 

A reportagem encontrou problemas em toda área interna da unidade, mas chamou atenção a presença de três baldes no corredor de emergência para conter as goteiras provocadas pelas chuvas das últimas semanas. Um deles se encontra em frente à entrada destinada para ambulância, o que impossibilita a passagem de maca em casos mais urgentes. 

Os pacientes são atendidos normalmente mesmo diante das condições registradas pelo Diário. As rachaduras e infiltrações também se fazem presentes nas alas onde os usuários são medicados. 

“O que mais tem é balde no chão para conter as goteiras. Deve ter mais balde do que médico”, relatou um paciente em tom irônico. “O teto da internação na ala amarela está com muito vazamento, a água cai quase em cima dos equipamentos. Uma outra ala foi fechada porque as goteiras estavam atingindo as macas. E nem o banheiro é equipado direito. Não tem nem papel higiênico, nem para enxugar a mão, não tem sabonete líquido. É muito descaso com as pessoas que vêm aqui para terem suas vidas salvas”. 

A Prefeitura, comandada por Orlando Morando (PSDB), colocou uma placa na área externa da UPA informando que a unidade passa por obras de revitalização. Embora informe o valor da reforma, a placa não mostra as datas de início e término das intervenções. A equipe do Diário que esteve no local não constatou nenhuma obra sendo feita no equipamento. Procurada pela reportagem, a gestão tucana não se manifestou sobre o caso. 

CAOS

A crise na rede de saúde de São Bernardo tem sido acompanhada pela equipe de reportagem do Diário desde maio e revela problemas que vão da falta de medicamentos a UBS (Unidade Básica de Saúde) – no caso, a da Vila União – fechada por risco de desabamento. Também houve o fechamento de três alas do HC (Hospital de Clínicas) – no terceiro, sexto e oitavo andares – para reformas porque apresentavam infiltrações, vazamentos e pisos com elevação ou afundamento em alguns pontos. 

Outro problema enfrentado pelos usuários da rede é a falta de profissionais, quadro que poderia ser agravado caso o processo de demissão que atingiria 500 funcionários do Complexo de Saúde da cidade, gerido pela FUABC (Fundação do ABC), fosse concretizado. 

O visível cenário de caos acontece mesmo com a Secretaria da Saúde, comandada por Geraldo Reple Sobrinho, tendo orçamento de R$ 1,2 bilhão para 2023, além de ter recebido, em julho, um repasse de R$ 150 milhões do governo do Estado.