Economia Titulo
Pólos regionais ganham impulso com mudança cambial
Do Diário do Grande ABC
20/06/1999 | 17:25
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O município de Americana, a 130 quilômetros de Sao Paulo, está eufórico. As vendas no comércio varejista aumentaram 20% no primeiro semestre, a arrecadaçao municipal subiu 5% em relaçao ao mesmo período do ano passado, a economia local deverá crescer 10% neste ano e o desemprego começa a diminuir. Para os cerca de 180 mil habitantes, é o fim de um capítulo iniciado há dez anos, com a liberaçao das importaçoes.

O caso de Americana é apenas um exemplo de como a recente desvalorizaçao do real está estimulando a rápida recuperaçao da economia nos pólos industriais do interior.

Em muitos municípios o clima é de euforia graças ao movimento de substituiçao de importaçoes proporcionado pela valorizaçao do dólar, que saiu da casa do R$ 1,22, em janeiro, para R$ 1,75, nos últimos dias. Nessas cidades que abrigam conglomerados que mantiveram a qualidade, a despeito da queda de vendas ao estrangeiro, o ambiente é de animaçao.

Vendas - As vendas no varejo estao em alta e a maioria das fábricas já abriu a temporada de contrataçoes de funcionários. Boa parte dessa recuperaçao está sendo proporcionada pela substituiçao de importaçoes. Como o produto estrangeiro ficou mais caro, aumentou o espaço no mercado interno para o produto nacional.

Em Americana, a retomada do crescimento econômico é resultado do ressurgimento da indústria têxtil, que responde por 90% da economia local.

Depois de acreditar que a década de 90 já estava praticamente perdida, os empresários do setor começam a reverter a situaçao. Apoiadas numa série de medidas adotadas pelo governo federal a partir de 1996, as 425 tecelagens de Americana já investiram, nos últimos dois anos, US$ 250 milhoes para modernizar o parque e aumentar a produçao.

"Desta vez, estamos otimistas", diz o empresário Nelson Biasi. Proprietário de uma das tecelagens mais tradicionais da cidade, ele pretende investir US$ 500 mil este ano na importaçao de mais oito teares italianos, elevando para 50 o número de máquinas em sua fábrica. A produçao, que atualmente é de 250 mil metros de tecido por mês, deverá crescer 20%, enquanto o faturamento, da ordem de R$ 800 mil mensais, aumentará na mesma proporçao.

O dinheiro voltou a circular em todos os segmentos da economia de Americana, afirma Matias Mariano, gerente de uma das maiores lojas de tecidos e confecçoes da cidade e um dos diretores da Associaçao Comercial e Industrial.

Recontrataçoes - Segundo ele, as vendas no varejo, que já aumentaram 20% no primeiro semestre ante o mesmo período do ano passado, devem crescer mais 30% com a coleçao primavera-verao. "No ano passado, tivemos de demitir dez funcionários, mas esse ano já recontratamos seis", diz.

O aumento na produçao de tecidos também começa a inibir as demissoes. Segundo dados do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Têxtil de Americana, o ritmo de dispensas vem caindo em torno de 30% ao mês

Ao mesmo tempo, segundo a entidade, as fábricas começam a repor pessoal. Ainda há, porém, um contingente muito grande de desempregados. Nos últimos nove anos, pelo menos 15 mil trabalhadores do setor foram demitidos.

A situaçao verificada em Americana é reflexo da mudança na política cambial. Setores que no passado eram fortes na exportaçao de produtos estao voltando a crescer. Assim, pólos como Americana e Blumenau (têxtil), Vale dos Sinos e Franca (calçados) e Sao José dos Campos (aeronaves) estao prosperando, recuperando mercado externo e devolvendo às cidades milhares de postos de trabalho.




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