O perito da Unicamp (Universidade de Campinas) Ricardo Molina confirmou nesta quarta-feira que a voz nas gravações publicadas pela imprensa são realmente do deputado federal André Luiz (PMDB-RJ). Nas fitas ele tenta extorquir o empresário do ramo de jogos Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira, e confessa a execução de oito pessoas. As gravações foram feitas pelo próprio Cachoeira.

Com o laudo de Molina, a relatora do processo instaurado pela Comissão de Sindicância da Câmara, deputada Iriny Lopes (PT-ES), afirmou que será solicitada a quebra do decoro parlamentar. Caso a comissão aprove a cassação do mandato de André Luiz, na próxima quarta-feira, o caso será levado ao Conselho de Ética da Casa.

Nas gravações divulgadas pela revista Veja e pelo programa Fantástico (Rede Globo), André Luiz pede R$ 4 milhões para tirar o nome de Cachoeira do relatório final da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Loterj – criada a partir de uma gravação de uma conversa entre o bicheiro e o ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz. Este montante seria dividido entre 40 deputados estaduais (cada um receberia R$ 100 mil)

Na outra conversa com Cachoeira, o deputado detalha como ele e seus seguranças assassinaram dois acusados pela morte de outro segurança. "Tive de dar um montão de tiros", disse. Posteriormente, ele fala também sobre emboscadas e perseguições das quais teria participado e acabaram com outros seis mortos.

Molina explicou, em rápida entrevista, que chegou à conclusão de que a voz era realmente do parlamentar em virtude de uma série de características peculiares "que o afastam da média". O perito disse que André Luiz possui "uma voz grave além do normal".

Afastado - Na última terça-feira, O PMDB acatou o pedido de afastamento do partido apresentado pelo próprio deputado carioca. O Conselho de Ética da legenda julgaria o afastamento de André Luiz por causa dos escândalos, mas ele se antecipou e pediu licença do partido por 60 dias. O pedido foi aceito pelo presidente nacional da sigla, o deputado Michel Temer (SP).