A Abav-SP (Associação Brasileira das Agências de Turismo de São Paulo) deu ontem o pontapé inicial ao boicote contra a Gol Linhas Aéreas devido à diminuição do comissionamento pago às agências de turismo e ao relacionamento ruim entre as partes.

O fundador da Abav, Goiaci Alves Guimarães, foi chamado para ser o líder da mobilização, anunciada em entrevista coletiva concedida ontem, na sede da Braztoa (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo), em São Paulo.

Segundo Guimarães, a mudança na comissão realizada pela companhia foi apenas o gancho do protesto. “Nossa reclamação não é apenas contra o comissionamento, mas também na forma como a Gol se relaciona com as agências. Eles têm uma atitude muito arrogante. Não querem nem sentar conosco para discutir esses assuntos”, diz. A Gol não se manifestou sobre o assunto.

Guimarães ataca as promoções relâmpagos que a companhia faz, afirmando que deveriam anunciar o número de assentos disponíveis. “Isso prejudica nosso trabalho, pois divulgamos algo nos jornais e não podemos oferecer para o cliente. Eles são marqueteiros, pois essas promoções de R$ 1 dão um bom retorno de imagem, mas nunca ninguém consegue comprar”, lembra.

Guimarães acrescenta ainda que a Gol acredita que os consumidores vão continuar comprando pela internet. “Só que 73% das vendas deles são feitas pelas agências. Sem nós, quero ver com quem o consumidor vai reclamar em caso de perda ou extravio de bagagem entre outros problemas.”

Nesta terça, foi o Dia do Protesto contra a Gol e nenhuma agência de turismo em São Paulo vendeu passagens da companhia. As entidades acreditam que cerca de 9 mil tíquetes deixaram de ser emitidos ontem. “As agências movimentam cerca de R$ 25 milhões só com a Gol por mês. Essa redução de 3% no comissionamento implicará na perda de 12% dos empregos nas agências”, explica Juarez Cintra, presidente da Abav de São Paulo.