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Morando enfrenta tabu de prefeitos de São Bernardo

Desde a redemocratização do País, cidade sempre reelegeu os chefes de Executivo, mas nunca deu vitória ao sucessor governista

Raphael Rocha
10/09/2023 | 07:00
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DGABC


O prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), em término de mandato, vai encarar uma sina para todos os chefes de Executivo da cidade: a de nunca emplacar um aliado como sucessor.

Desde a redemocratização, São Bernardo teve seis prefeitos diferentes: Aron Galante, Maurício Soares (três vezes), Walter Demarchi, William Dib, Luiz Marinho e Morando (esses três últimos por duas vezes cada). E uma característica curiosa perseguiu esses políticos, sobretudo após a aprovação da reeleição, em 1997.

Maurício, Dib, Marinho e Morando conquistaram a reeleição quando tiveram a oportunidade – e sempre no primeiro turno. Maurício bateu Vicentinho (PT) com folgas em 2000; o mesmo petista foi amplamente superado por Dib em 2004; Marinho não teve problemas para voltar ao Paço em 2012; e Morando venceu Marinho numa reedição eleitoral em 2020.

Mas se por um lado São Bernardo costuma confiar na continuidade do trabalho do prefeito de plantão, esse mesmo político tropeça quando o assunto é a sucessão.

Em 1988, Aron Galante viu o grupo governista se dividir entre as candidaturas de Walter Demarchi e Tito Costa. Maurício Soares, então no PT, se aproveitou do racha e levou o petismo para seu primeiro mandato no município.

Quatro anos depois, Maurício e o PT derraparam no processo eleitoral – à época não havia reeleição para cargo executivo. A aposta foi no então vice-prefeito Djalma Bom (PT), que perdeu o pleito para Walter Demarchi.

Ainda sem a possibilidade da reeleição, Demarchi amargou frustração na sucessão. Novamente uma forte divisão do bloco governista provocou reviravolta no pleito. O ex-deputado Waldir Cartola foi o homem-forte da gestão Demarchi nos quatro anos e se tornou candidato natural. Porém, o que se viu foi um êxodo de figuras governistas. Maurício, agora no PSDB, voltou ao comando do Paço em 1996 vencendo Tito Costa, Wagner Lino (PT) e Waldir Cartola, que terminou aquela eleição na quarta colocação.

Já com a reeleição permitida, Maurício conquistou novo mandato em 2000 com 60,4% dos votos válidos. Dois anos depois, ele renunciou ao cargo alegando problemas de saúde. Seu vice era William Dib.

Em 2004, Dib enfrentou as urnas e atropelou Vicentinho, no maior percentual até hoje obtido por um candidato a prefeito de São Bernardo: 76,3%.

Todo êxito eleitoral, entretanto, não se replicou quatro anos depois. Dib brigou com boa parte de seu governo para indicar o então deputado estadual Orlando Morando como sucessor. O entrevero fez com que Maurício, então figura central do Paço, resolvesse se reaproximar do PT e apoiasse a candidatura do então ministro Luiz Marinho. Outro quadro de peso a se desgarrar foi o então secretário de Obras, Otávio Manente, que lançou seu filho, Alex Manente (então PPS, hoje Cidadania), como candidato a prefeito. Morando perdeu para Marinho no segundo turno.

Reeleito em 2012, Marinho foi outro a construir mal o processo sucessório. Durante quatro anos, viveu-se incerteza sobre quem seria o nome do petista. Só faltando poucas semanas para o registro de candidatura é que Marinho se decidiu pelo então secretário de Serviços Urbanos, Tarcísio Secoli (PT). Foi a primeira vez que um candidato da máquina não foi protagonista de eleição: Tarcísio nem sequer foi ao segundo turno, disputado por Morando e Alex e vencido pelo tucano.

Agora é a vez de Morando testar a capacidade da transferência de votos. Por enquanto, três figuras próximas dele são especuladas para liderar a candidatura: os secretários José Luiz Gavinelli (Finanças) e Geraldo Reple Sobrinho (Saúde), além do deputado federal e ex-vice-prefeito Marcelo Lima (PSB). Mas outros nomes importantes da gestão defendem que Morando aposte as fichas na candidatura de Alex.

Rivais históricos, Alex e Morando selaram as pazes para a eleição de 2020. À época, Alex retirou sua candidatura e apoiou a reeleição de Morando, que venceu Marinho no primeiro turno. 




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