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Eleito, Romano Prodi quer transformar Itália
Da AFP
12/04/2006 | 19:57
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O vencedor das eleições legislativas italianas Romano Prodi, de 66 anos, é um economista austero que começou tarde na política e que quer devolver a credibilidade à Itália, após sua passagem à frente da Comissão Européia.

Para enfrentar o rei do marketing político Silvio Berlusconi, este professor universitário de Economia, nascido em agosto de 1939 perto de Bolonha, não contou com seu carisma na campanha para vencê-la nos dias 9 e 10 de abril.

Enquanto seu adversário prometia novos cortes de impostos para seduzir os italianos, "il Professore" insistia, ao contrário, no saneamento das finanças públicas, na luta contra a evasão fiscal e no retorno da moral à política, em um país que se transformou, segundo ele, em um "self-service" corrompido pelos interesses particulares.

Os italianos não se surpreenderam com o discurso desse católico praticante, casado e pais de dois filhos, já que a trajetória de Romano Prodi, defensor de um Estado presente no social que não se deixou assustar pelo liberalismo econômico, foi freqüentemente marcada por missões difíceis e dolorosas.

Em 1982, quatro anos após ter sido ministro da Indústria em um governo de democratas-cristãos, o ex-aluno da prestigiada London School of Economics (LSE) se vê responsável pelo Instituto para a Reconstrução Industrial (IRI), a mais importante holding pública italiana. À frente deste mastodonte mergulhado em dívidas, ele acelera privatizações e cortes para colocar a máquinas nos eixos.

Uma década mais tarde, o técnico entra na política aos 50 anos em meio ao gigantesco escândalo de subornos revelado pela operação "Mãos Limpas". Aproveitando-se de sua independência em relação aos partidos abalados pelas suspeitas de corrupção, ele assume a liderança de uma coalizão de centro esquerda e vence as eleições legislativas em 1996.

Primeiro chefe de um governo orientado para a esquerda desde o Pós-Guerra, Prodi prioriza a redução dos déficits públicos para que seu país entre na zona euro, a partir de 1999. Apesar das previsões pessimistas, ele aceita a aposta, ao custo de um imposto excepcional e de leis financeiras ultra-rigorosas.

A vitória tem, porém, um gosto amargo, já que seu último orçamento provoca o ataque dos comunistas, levando à queda do governo em outubro de 1998. Abalado por esse duro golpe, Prodi funda seu próprio movimento (Os Democratas) para ter sua revanche. Chamado para dirigir a Comissão Européia, ele aceita suspender sua aventura política em troca de Bruxelas.

Marcado pela introdução do euro e a chegada de dez novos membros, seu mandato de cinco anos (1999-2004) se mantém moderado e sob críticas a respeito de suas declarações às vezes desajeitadas, sua falta de liderança e sua preocupação permanente de preparar sua volta à Itália para enfrentar o grande rival Silvio Berlusconi.

Há dois anos, Romano Prodi vem tentando trabalhar para conseguir unir novamente a centro esquerda, aglomerando uma dezena de partidos sob a mesma bandeira, indo desde os comunistas que o abandonaram em 1998 aos católicos de centro.

O desafio que o espera agora talvez seja ainda mais duro do que seu confronto com Berlusconi durante a campanha eleitoral, pois sua maioria, extremamente reduzida no Senado, promete longas negociações.



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