O subsecretário geral de América do Sul do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Luiz Felipe de Macedo Soares, afirmou, nesta terça-feira, que as disputas comerciais entre o Brasil e a Argentina não vão prejudicar as negociações do Mercosul durante a reunião de Cúpula do bloco econômico, que será realizada na próxima sexta-feira, em Ouro Preto (MG).

Segundo o embaixador, as negociações técnicas que antecedem a Cúpula, realizadas desde esta segunda-feira em Belo Horizonte, não foram afetadas pela ameaça da Argentina de impor salvaguardas à importação de produtos brasileiros. "O aspecto bilateral das relações, seja entre Brasil e Argentina ou os demais países, não tem nem vindo à tona nem interferido nos entendimentos. E eu digo isso de forma muito taxativa, porque isso poderia levar a não se avançar. E não houve", disse o embaixador.

Macedo Soares ressaltou que as dificuldades nas negociações entre países do Mercosul são decorrentes dos próprios temas em debate, e não têm relação com impasses bilaterais. "Pouco a pouco vai se encontrando onde se encaixa uma determinada peça no quebra-cabeça até que vai ficando mais claro o panorama. A dificuldade é dos temas, não das relações entre os países", disse.

O embaixador afirmou que não conversou com o secretário-executivo da Camex (Câmara de Comércio Exterior), Mário Mugnaini, que nesta segunda anunciou que o Brasil daria 30 dias para a Argentina rever as sobretaxas às exportações brasileiras sob pena de o governo brasileiro também impor salvaguardas a produtos argentinos como o arroz, vinho e trigo.

"Os entendimentos havidos na sexta-feira passada, bilateralmente, com a Argentina terão seguimento em janeiro pela mesma delegação, de maneira que há conversação e não há necessidade de decisões apressadas nem de ameaças de nenhum dos lados", disse o embaixador brasileiro.

Segundo Luís Felipe, Brasil e Argentina estão em fase de aparar arestas, tendo como pano de fundo o crescimento das exportações entre os dois países. "As exportações do Brasil estão em nível recorde para a Argentina, e também estão crescentes as exportações da Argentina para o Brasil. De maneira que há interesse mútuo nesse comércio. Não há nenhum efeito negativo nos entendimentos entre os dois países, nem bilateralmente. No Mercosul, isso não afeta em nada", encerrou.