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Maestro de São Bernardo rege orquestra nos Estados Unidos

Regente Alan Aníbal já passou por festivais de rock e palcos importantes de música clássica do mundo com seus alunos

Renan Soares
Do Diário do Grande ABC
05/08/2023 | 09:30
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Divulgação


Teatro, cinema, dança, música… são vários os tipos de expressões artísticas brasileiras que transformam a vida de pessoas, porém, nas mãos de um artista da região, uma em especial tem alcance internacional: a arte de educar. À frente da NVYS (Napa Valley Youth Symphony, Sinfonia Juvenil do Vale de Napa em tradução livre) desde 2021, o maestro são-bernardense Alan Aníbal, 36 anos, vem enriquecendo o repertório de jovens músicos norte-americanos com músicas de compositores brasileiros e apresentações em grandes festivais. 

Há doze anos nos Estados Unidos, o músico do bairro Taboão, em São Bernardo, relembra o início da carreira, onde trabalhou com nomes como Naomi Munakata, que faleceu em 2020 em decorrência da Covid-19, do regente Abel Rocha e da mestre em música Marisa Lacorte, de Santo André.

Após as primeiras experiências, o maestro conquistou uma bolsa de estudos no Bard College, instituição de ensino superior em artes em Nova York, nos Estados Unidos, se mudando pouco tempo depois para outro estado do país, a Califórnia, onde teve aulas com Michael Morgan, que se destaca por trabalhar sua musicalidade junto a elementos da cultura afro-americana.

Após experiências com Óperas junto a Michael Morgan, Alan entrou na NVYS. Estabelecida em 2002, a Napa Valley Youth Symphony se tornou um centro de formação de musicistas com idades entre 11 a 19 anos,  oferecendo a jovens oportunidades de crescimento pessoal e artístico, contribuindo para a renovação do quadro de músicos nas melhores universidades dos Estados Unidos, como Juilliard, Peabody e Berkeley. Hoje, o maestro coordena a principal orquestra do grupo, que possui 54 alunos.

“Sempre falo para eles, não peguem essa oportunidade em vão, porque muitos queriam estar nesse lugar, performando nos teatros que vocês performaram”, afirma Alan. “O mais legal também é poder não só fazer parte da formação deles, mas também fazer o que chamamos de diversidade, inclusão e equidade”, finaliza. Além de tocar nos Estados Unidos, o grupo já realizou turnês pela Europa e em festivais de rock.

Conforme explica o maestro, a orquestra o contratou, pois avaliava que ele poderia ter um olhar mais forte na inclusão de alunos que vêm de grupos minoritários, como descendentes de afro-americanos e indígenas. Para isso, além de trazer os alunos, o maestro inclui nas apresentações e concertos músicas de herança africana e indígena, além de convidar solistas afro-americanos. Agora, o Alan Anibal pretende expandir o repertório brasileiro e a representatividade para todos os continentes.

“Meu sonho é continuar pulando de galho em galho. Adorei fazer uma turnê na Europa com meus alunos, espero ter uma orquestra daqui a quatro anos na Europa, depois de quatro anos em quatro anos ir para a Ásia, partir para os Estados Unidos, para o Brasil, sempre experimentando, fazendo coisas novas, levando artistas de grupos minoritários para outras orquestras e salas de concerto importante”, relata Alan.

FESTIVAIS

Em sua carreira a frente da NVYS, Alan Aníbal já leva na bagagem diversos momentos especiais, como a recente apresentação no festival Bottle Rock 20 anos na Califórnia, onde o regente e seus músicos abriram o line-up do dia com shows de Keanu Reeves, Duran Duran, Carly Rae Jepsen e Leon Bridges, com uma versão clássica de alguns dos hits da cantora Lizzo, principal atração do evento. Em outras edições, os jovens abriram shows de lendas do rock, como Foo Fighters, Guns N’ Roses e Metallica.

O maestro também busca homenagear o Brasil em suas apresentações. Ano passado, o compositor Carlos Gomes foi interpretado nas mais famosas casas de concerto da Europa pelo maestro. Pela primeira vez, a canção Alvorada, da ópera Lo Schiavo (O Escravo) , foi regida em dois dos mais importantes palcos de música clássica do mundo, os teatros Rudolfinum, em Praga (República Tcheca), e o Musikverein, em Viena (Áustria), e pelas mãos de um regente brasileiro.

“Em todas as performances, em Leipzig, na Alemanha, em Praga, na República Tcheca e em Viena, na Áustria, fiz questão de apresentar a música Alvorada, uma forma de homenagear o nosso compositor de origem afro-brasileira e indígena, Carlos Gomes”, declara. “O brasileiro tem muita musicalidade e facilidade de se expressar. Com a música, meus alunos acabam tendo as primeiras experiências deles com relação a algum sentimento, que eles nunca tiveram a oportunidade de saber”. 

Como maestro convidado, Alan regeu diversas orquestras pelo mundo, dentre elas a St. Petersburg Chamber Orchestra, na Rússia, Brooklyn Opera em Nova Iorque, Fremont Symphony e Festival Opera na Califórnia. No Brasil, regeu o concerto da Orquestra Experimental de Repertório do Teatro Municipal de São Paulo.




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