O Banco do Brasil e o banco sul-africano FirstRand anunciaram na última segunda-feira um acordo para a criação no Brasil de um banco múltiplo para atuar no financiamento e arrendamento de veículos, com a intenção de também facilitar no futuro a compra de tratores a aviões.

Em dois anos, serão investidos R$ 1,310 bilhão na empresa, dos quais R$ 330 milhões são aplicados pelo banco sul-africano e R$ 980 milhões pelo BB. A sede será em São Paulo, porém o nome não foi divulgado.

O objetivo é incrementar os negócios do Banco do Brasil na área de financiamento de veículos. O BB possui 3,5% do mercado de financiamento para veículos atuando apenas internamente, e a expectativa é conquistar 20% do mercado até 2016.

Essa carteira soma R$ 4,5 bilhões, mas deve chegar a R$ 6 bilhões no fim de dezembro. A intenção é que a empresa compre a carteira do BB em financiamento de veículos. Essa aquisição será precificada posteriormente.

Segundo o diretor de Novos Negócios do BB, Paulo Rogério Caffarelli, a escolha do FirstRand Limited como parceiro ocorreu pelo fato de o banco não ser seu concorrente no Brasil. Pesou também a experiência do FirstRand no financiamento de veículos e sua atuação no varejo na África do Sul.

Ele destacou as ferramentas de tecnologia da informação do parceiro. "Para o Banco do Brasil é fundamental ter produtos adequados. O FirstRand é conhecido na África do Sul como um banco de nicho", disse.

O banco é líder no segmento na África do Sul, com 40% de participação no financiamento de veículos e de 50% no de veículos novos. O executivo ressaltou que o FirstRand oferece, paralelamente, o financiamento de acessórios e seguros para veículos.

Segundo o vice-presidente de Cartões e Novos Negócios do BB, Aldemir Bendine, a decisão de associar-se para montar empresa focada em crédito para veículos deveu-se ao tamanho das operações do banco no segmento não ser condizente com o da instituição.

O BB vai manter os financiamentos de veículos nas agências, que devem responder por 30%, enquanto a empresa ficará com 70%.

O financiamento da empresa ocorrerá em todos os elos da cadeia, da montadora às concessionárias. O BB espera que o ponto de equilíbrio da nova empresa seja atingido em 2010.

O objetivo é financiar não apenas veículos, mas também tratores, caminhões, motos e até aviões futuramente. A empresa terá o BB como fornecedor exclusivo de seguros para veículos, mas o banco poderá oferecer o produto a outros clientes.

Ainda não há estimativas de quantas vendas de seguros serão incrementadas pelos financiamentos de veículos da empresa, nas modalidades CDC (Crédito Direto ao Consumidor) e leasing.

O Banco do Brasil terá 100% das ações preferenciais e 47% das ordinárias e o FirstRand, 53% dos papéis com direito a voto. Segundo o vice-presidente de Cartões e Novos Negócios do BB, Aldemir Bendine, a empresa segue o modelo de outras coligadas do banco.