Economia Titulo Alimentos
Comércio comemora deflação da laranja

Junto à tangerina, queda nos preços das frutas
é a maior em 21 anos na Região Metropolitana

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
13/11/2011 | 07:30
Compartilhar notícia


É só fazer calor no fim da tarde que o começo de noite fica movimentado nos bares e casas de suco. E esse é o momento que mais agrada o microempresário Vitor Lattari, dono de estabelecimento que comercializa bebidas naturais em Santo André. Ainda mais porque um dos principais grupos de produtos do seu cardápio, os sucos de frutas cítricas, está pesando menos no orçamento. O grupo laranja-pera e tangerina apresentou, entre janeiro e setembro, a maior queda de preços, em relação ao mesmo período do ano anterior, dos últimos 21 anos.

A deflação atingiu 38,9%, tendo em vista que o primeiro resultado sobre o assunto, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, é de 1990. A base de dados é o recorte da região metropolitana de São Paulo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, cuja coleta foi iniciada em 1989.

"Vendo vários tipos de suco de fruta e polpa. Mas entre os de frutas frescas, os que mais saem são os de laranja", conta Lattari. Ele lembra que o público que mais pede o refresco é formado pelas mulheres mais jovens e clientes que vão ao estabelecimento com a família toda.

Lattari, como a maioria dos comerciantes na região, utiliza a laranja-pera para fazer o suco. E levando em consideração a deflação que a fruta teve neste ano, a margem de lucro deles aumentou. Estudo da Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André revela que o preço médio do quilo da laranja-pera, no Grande ABC, custava R$ 2,20 em janeiro e passou para R$ 1,23 na semana passada.

"Foi perceptível a queda do preço da laranja-pera no mercado", afirma a sócia-proprietária de um restaurante em São Bernardo Lais Tamarukemi Bueno Secchis Marinho. Ela conta que a cada dez sucos que pedem no seu estabelecimento, normalmente junto com os pratos servidos no almoço, três são de laranja.

Nas padarias, a demanda por suco de laranja também é grande. No caso do estabelecimento que Márcio Ferreira gerencia em São Bernardo, o faturamento médio com o refresco é bem próximo à receita obtida com as bebidas alcoólicas. "Os consumidores compram tanto suco para tomar aqui, quanto em garrafinhas para levar para casa", diz.

INDÚSTRIA - Diferente do que os comerciantes fazem, a indústria de suco dificilmente utiliza a laranja-pera para a produção.Esse tipo de fruta é do grupo considerado de mesa, para consumo in natura, e representa 14% da produção nacional. "Entre todos os cítricos, as tangerinas em geral representam 3% da produção", completa o presidente da Câmara de Citricultura da Federação da Agricultura de São Paulo, Marco Antonio dos Santos. Cerca de 86% da produção de laranjas é destinada à indústria de suco.

 

Segunda maior safra da história explica mercado atual

A maior deflação da história é explicada por uma das maiores safras e a crise internacional, afirmaram especialistas consultados pela equipe do Diário.

Neste ano, a safra de cítricos em São Paulo está prevista para 400 milhões de caixas. E a produção estadual representa 90% do cultivo nacional.

Enquanto isso, no ano passado o resultado não ultrapassou os 360 milhões de caixas no cinturão paulista de produção.

"A última safra grande como a que está para encerrar neste ano ocorreu em 1999", conta o presidente da Câmara de Citricultura da Federação da Agricultura de São Paulo, Marco Antonio dos Santos.

Como a produção está alta, e o cenário externo não apresenta boas condições econômicas, a lei da oferta e da procura exerceu sua força no produto. A Europa, diz Santos, é a maior importadora de suco e fruta do Brasil, seguida dos Estados Unidos. Como esses países estão em crise, a procura pela produção brasileira caiu e, junto com ela, os preços. Dessa maneira, toda a cadeia de preços do mercado de laranja é influenciada, o que deixa a laranja-pera, que é cultivada para suprir o mercado interno, e a tangerina, mais baratas.

PAÍS - O engenheiro agrônomo da Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André Fábio Vezzá de Benedetto lembrou que é preciso considerar que a maior demanda por frutas cítricas no País ocorre entre outubro e janeiro - época mais quente. E os preços das frutas, conforme ocorreu nos últimos anos, devem subir nas próximas semanas.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;