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Berlusconi admite implicitamente a derrota
Da AFP
21/04/2006 | 16:16
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O ex-chefe de governo italiano, Silvio Berlusconi, admitiu a derrota, ao prever para o opositor um mandato curto e sem sucesso, dez dias depois das legislativas italianas, num momento em que o futuro chefe de governo, Romano Prodi, enfrenta os apetites de seus aliados pela distribuição de cargos.

"Não telefonei e nunca telefonarei para ele para desejar que governe bem, porque sei que seu governo será contrário aos interesses do país", destacou um irado Berlusconi, durante um comício em Trieste, nordeste do país, admitindo, implicitamente a derrota eleitoral.

O atual chefe de governo previu que a esquerda será incapaz de dirigir a Itália.

"Não acredito que esses senhores poderão governar verdadeiramente", continuou. "A experiência da esquerda no poder será apenas um parênteses e utilizaremos todas as regras parlamentares para neutralizá-la, de modo a não permitir que massacre todas as reformas que fizemos", afirmou.

Prodi lamentou a atitude de seu oponente declarando que se ele "telefonar, tudo bem; se não o fizer, seguiremos em frente. Mas é uma lástima. Esses rituais, esses costumes reforçam um sistema democrático. Não são indispensáveis, mas provam que a pessoa tem classe".

Depois da recente confirmação dos resultados eleitorais, o líder da União de esquerda, que recebeu nesta sexta-feira os cumprimentos do presidente americano, George W. Bush, mantém inúmeros contatos com seus aliados para superar um dos problemas mais espinhosos para a formação de seu governo, a designação do presidente da Câmara de Deputados.

Para esse posto, que representa o terceiro cargo do Estado depois da presidência da República e a presidência do Senado, os nomes de dois pesos pesados da coalizão estão em jogo: o presidente dos DS (Democráticos de Esquerda), Massimo D'Alema, e o líder da PRC (Refundação Comunista), Fausto Bertinotti.

"Ontem vi D'Alema e hoje conversei com Bertinotti. Nos próximos dois dias tomarei as decisões a respeito", afirmou Prodi, líder de uma aliança de católicos, comunistas, ex-comunistas e verdes.

Sua serenidade contrasta com a ira manifestada na véspera pelos dirigentes da DS, o maior partido da coalizão, que conseguiu resultados decepcionantes: 17,5% no Senado ante os 24% do partido Forza Italia de Silvio Berlusconi.

"O desejo da Refundação Comunista de presidir a Câmara dos Deputados está provocando desgostos e corre o risco de causar perigosas divisões", escreveu Piero Fassino, secretário-geral da DS, em carta dirigida a Prodi.

O final do mandato presidencial de Carlo Azeglio Ciampi, que expira no dia 18 de maio, também dificulta a mudança de governo.

"Este governo nasce morto", disse Berlusconi a seus colaboradores, para os quais o governo de centro-esquerda começará a afundar em julho e cairá em outubro.




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