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PMDB vira o fiel da balança no impeachment de Pitta
Do Diário do Grande ABC
15/04/2000 | 15:41
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O prefeito Celso Pitta terá de buscar no PMDB o apoio que nao encontrou junto à maioria dos sete vereadores da comissao especial que, por dez dias, analisou o pedido de impeachment contra ele.

O partido é considerado o fiel da balança desde quinta-feira, quando foi encaminhado ao plenário o parecer que solicita o afastamento de Pitta da administraçao municipal.

Para evitar a cassaçao de seu mandato, o prefeito terá de impedir que 33 vereadores votem a favor das investigaçoes. Por enquanto, a oposiçao apenas contabiliza o apoio de 27 parlamentares. Com dez integrantes na bancada, o PMDB nao chegou a um consenso sobre a votaçao.

Membro da comissao especial, o vereador Ivo Morganti declarou que foi a favor do arquivamento das denúncias porque seguiu orientaçao partidária. O argumento do vereador derrubou a tese dos partidos de oposiçao, que acreditavam na bancada peemedebista para dar continuidade ao processo de impeachment.

O grupo de sete vereadores que analisou o pedido de impeachment formulado pela seçao paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP) decidiu prosseguir com as investigaçoes após decisao da maioria.

Votaram pela abertura do processo de impeachment os vereadores Cármino Pepe (PL), Arselino Tatto (PT), Gilson Barreto (PSDB) e Natalício Bezerra (PTB). Na linha de defesa do prefeito estiveram Ivo Morganti, do PMDB, além de Brasil Vita e Wadih Mutran, do PPB. O relatório final encaminhado à presidência da Câmara é pautado no parecer dos partidos de oposiçao. Para eles, o documento da OAB apresenta provas de que o prefeito estaria envolvido num esquema de corrupçao.

O clima no PMDB é de indecisao. O líder do partido na Câmara, vereador Jooji Hato, disse que a maioria dos vereadores que compoem a legenda nao definiu o voto. "Devemos ter reunioes com as executivas municipal e estadual para se chegar a um consenso", disse.

Há rumores de que quatro vereadores da bancada votem a favor das investigaçoes: Myryan Athiê, Milton leite, Armando Mellao e Joao Goulart. Apenas Mellao, presidente da Câmara, assumiu publicamente que apóia a abertura do processo de impeachment.

O presidente do diretório municipal, deputado estadual Joao Oswaldo Leiva, disse que irá, até terça-feira, conversar individualmente com cada um dos integrantes da bancada. "Alguns entraves burocráticos impedem que fechemos questao sobre o assunto, mas vamos orientar os vereadores do PMDB para que votem a favor das investigaçoes", disse.

Duas secretarias do governo municipal sao comandadas por pessoas que foram indicadas pelo PMDB: Também denunciados pela ex-primeira-dama Nicéa Pitta de cometerem irregularidades administrativas, Getúlio Hanashiro e Alda Marcantonio respondem, respectivamente, pelas pastas de Transportes e Assistência Social.

Com a primeira batalha vencida contra o Executivo, os oposicionistas tentarao forçar ainda que pequenas bancadas assumam o compromisso de votar pelo andamento das investigaçoes.

Os dois vereadores da bancada peefelista, por exemplo, estarao na mira da oposiçao durante o final de semana. Líder do PFL, Toninho Paiva prefere nao manifestar sua posiçao até que a matéria chegue ao plenário. "Prefiro esperar até terça-feira".

Caso a oposiçao some na terça-feira 33 votos pelo prosseguimento das investigaçoes, a Câmara terá de instaurar em seguida uma comissao processante, que analisará, durante 90 dias, todas as irregularidades apontadas no texto da ordem dos advogados.

Ao final do processo, um novo parecer é encaminhado à votaçao no plenário e precisará de 37 votos para que Celso Pitta seja cassado. Neste momento, a votaçao será secreta. Entre as denúncias, a OAB considera o envolvimento de Celso Pitta na máfia dos fiscais, no escândalo dos precatórios e num eventual pagamento de propina para que vereadores votassem contra o seu afastamento, em 1999.

Prevendo um placar desfavorável durante a próxima votaçao, o grupo de oposiçao deverá adotar estratégia semelhante à utilizada pelos governistas nas últimas sessoes. Caso nao consigam maioria, irao esvaziar o plenário. Assim, a votaçao é prorrogada para a sessao seguinte. "Espero mesmo é que a maioria dos vereadores que apóiam o governo ouça a populaçao. Se nao, vamos manobrar até que eles votem pelo impeachment".

Partidos de oposiçao estao se mobilizando contra o governo municipal. Depois de o PT lançou a Vigília Permanente pela Dignidade, movimento que prega o fim da corrupçao na política paulista, o PPS criou o Movimento da Vergonha, e tentará reunir em um documento a assinatura de pelo menos 1% dos eleitores paulistanos, convocando para um plebiscito sobre a instalaçao de uma CPI que investigue a "máfia municipal".




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