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Chanceler panamenho denuncia chantagem dos Estados Unidos
Da AFP
03/08/2004 | 18:27
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O ministro panamenho das Relações Exteriores, Harmodió Arias, afirmou nesta terça-feira, em tom de denúncia, que os Estados Unidos estão usando sua política anticorrupção para garantir contratos na ampliação do Canal do Panamá.

"O cancelamento dos vistos (de panamenhos para os EUA) faz parte de um plano traçado para garantir que empresas americanas obtenham as licitações das obras de expansão do Canal do Panamá", advertiu Arias.

O Panamá deve decidir nos próximos dois anos, em referendo, se aprova ou não os planos elaborados pela administração do Canal para a ampliação do projeto, que prevê a construção de novas comportas no valor total de US$ 8 bilhões, segundo dados extra-oficiais.

"A mensagem da decisão é que, se as empresas americanas perderem a licitação para os consórcios de outros países, os Estados Unidos revogarão os vistos dos funcionários envolvidos nessa licitação", afirmou Arias.

O ministro lembrou que os Estados Unidos já confirmaram em abril deste ano, por meio da diretora de comércio para o hemisfério ocidental, Regina Vargo, o interesse americano em participar das obras de ampliação do Canal do Panamá.

Os Estados Unidos anunciaram, na última semana, terem cancelado o visto de entrada em território americano do ex-ministro Víctor Julião, alegando que ele estava envolvido em atos de corrupção. A medida também afetou outras autoridades, como o ex-diretor de Migração Erick Singares, o ex-secretário-geral do Ministério do Comércio e Indústrias Avelino Jaén, o banqueiro Bruno Bemporad e os advogados Alexis Sinclair e Erick Antonio Staff.

Julião acredita que a medida adotada pelos EUA foi uma represália à sua decisão de conceder o direito de construção de uma segunda ponte sobre o Canal à empresa alemã Bilfinger-Berger, e apoiar a construção de um trem rápido na capital com incentivo do governo francês, o que provavelmente incomodou a administração do presidente George W. Bush.

Em resposta, o porta-voz da embaixada americana no Panamá, William Ostick, disse que outros vistos poderão ser revogados e que as pessoas já atingidas "têm em comum atos de corrupção". Ele advertiu que “essa política visa combater a corrupção” e que “a política de revogar vistos é uma forma de enfrentar esse problema”.

Arias afirmou que seu governo apresentará uma queixa aos EUA por considerar essa medida "uma falta de respeito". Ele sugeriu que os Estados Unidos se "preocupem com os cidadãos americanos e com os atos de corrupção em seu próprio território".

O chanceler panamenho também lembrou que desde 1956 os cidadãos americanos podem entrar sem vistos no Panamá, mas essa política deverá ser revista pelo governo do presidente eleito, Martín Torrijos, que assumirá o governo no dia 1º de setembro deste ano.




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