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Morte de Celso reflete em lentidão no Legislativo
Vinícius Casagrande
Do Diário do Grande ABC
21/04/2002 | 19:00
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Após três meses do seqüestro e assassinato do prefeito Celso Daniel (PT), a Câmara de Santo André ainda sente os reflexos da troca do comando na administração. Desde o início do ano, o Legislativo ainda não conseguiu engrenar e poucos projetos de relevância têm sido pauta de discussão dos parlamentares. Nos discursos dos vereadores, assuntos nacionais e internacionais, como a expulsão do vereador de São Paulo Carlos Giannazi promovida pelo diretório petista, o cenário nacional para as eleições deste ano e a crise política na Venezuela, têm roubado espaço das discussões dos problemas da cidade.

Os próprios vereadores admitem a lentidão nos trabalhos legislativos. No entanto, preferem dividir a responsabilidade com o Executivo. Após a morte de Celso, o prefeito João Avamileno foi obrigado a reestruturar seu trabalho, fazer reuniões com todos os secretários para tomar conhecimento detalhado dos principais projetos em desenvolvimento. As secretarias também estão realizando seminários de planejamento estratégico para redefinir suas atividades.

Os vereadores afirmam que os projetos de maior relevância e os mais polêmicos são de iniciativa do Executivo e por conta da morte de Celso essas matérias acabaram emperradas. Com a reestruturação que está sendo promovida pelo prefeito João Avamileno, os vereadores acreditam que a Câmara deverá retornar ao seu ritmo normal. “Além de ser início de ano, foi um início bem atípico. Os projetos mais relevantes partem do Executivo e o governo ficou parado um tempo. Quando esses projetos chegarem, a Câmara volta a ficar agitada”, afirmou o vereador Donizeti Pereira (PV).

Líder do PL, o vereador de oposição Luiz Zacarias afirmou que a Câmara tem de trabalhar de acordo com as demandas do Executivo. Para ele, é natural que a morte do prefeito tenha esfriado as relações entre os dois poderes. Quanto aos projetos dos vereadores, Zacarias afirmou que as polêmicas não existem porque os governistas negociam diretamente com a administração. “Somos apenas três vereadores de oposição. Tudo indica que eles (governistas) conversam diretamente lá (Prefeitura)”, afirmou.

O vereador Ricardo Alvarez (PT) acredita que a morte de Celso tenha causado um esfriamento no governo, mas que os vereadores também sentiram diretamente esse reflexo. Ele lembra o fato de projetos serem adiados por muitas sessões, por diversas vezes a pedido do próprio autor, como ocorreu com o adiamento dos títulos de cidadão honorário para após as eleições. “Isso não acontecia em outros anos. A morte de Celso causou uma certa anestesia que, nesse primeiro momento, acho normal”, disse.

O presidente da Câmara, vereador Carlinhos Augusto (PT), concorda que faltam projetos de relevância para serem apreciados pela Casa, mas não acredita que isso seja conseqüência do assassinato de Celso. “Estamos no segundo mandato e as grandes adaptações já foram feitas. Não há a necessidade de grande reestruturação e apenas não há nenhum projeto em andamento que dependa da Câmara”, afirmou.

Além da morte de Celso, o vereador Israel Santana (PGT) acredita que a preparação das campanhas eleitorais também tenha causado o esfriamento dos trabalhos. “Vários vereadores serão candidatos e a Casa já vive esse clima de eleição. Tudo isso atrapalha”, disse.




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