Redução do IPI surte efeito e volume comercializado cresce
11,5% em maio frente ao mês anterior, segundo a Fenabrave
As medidas do governo federal para reverter a fraca demanda do setor automobilístico surtiram efeito. As vendas de veículos zero-quilômetro cresceram 11,5% em maio frente ao mês anterior, de acordo com dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).
A comercialização de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus alcançou 287.590 unidades. Em abril foram 257.861. O aumento da procura se traduziu em alta da média diária de licenciamentos. Levando em conta só automóveis e comerciais leves, os emplacamentos, na média, atingiram 12.477 por dia em maio e agora estão acima de 13 mil. O presidente da Fenabrave, Flávio Meneghetti, mostra confiança na continuidade da expansão do mercado de automóveis. "Há disposição de consumo, esperamos que continue assim", afirmou.
A federação estima ainda que os estoques de carros novos nas concessionárias caíram em torno de 15% a 20% desde que o pacote, de 21 de abril, foi lançado, com a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) dos automóveis e diminuição do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Antes das medidas, as revendas autorizadas tinham veículos para 45 dias de vendas. "Duas dessas marcas já estão com 33 dias", disse o dirigente.
NOVO PERFIL
Meneghetti salienta que o crédito para a venda de carros voltou a fluir, mas faz questão de ressalvar que o perfil do público consumidor se alterou neste ano e não deve voltar a ser como em 2010, quando a classe C foi às compras e era comum as lojas conseguirem efetivar vendas em 60 meses sem entrada. "O crédito agora é em novas bases. Não existe mais sem entrada. Agora para 60 meses, exige-se, pelo menos, 30% de entrada", observou Meneghetti.
A avaliação é que isso tem relação com a crise na Europa e com o aumento da taxa de inadimplência - que está próxima de 6% no segmento -, que fizeram os bancos ficarem mais seletivos. Apesar disso, após o pacote, a aprovação das fichas cadastrais pelas financeiras melhorou: antes girava em 30% (ou seja, de cada dez, apenas três eram aprovadas), percentual que subiu para 55%./CW
CONFIANÇA
As medidas do governo trouxeram ânimo ao setor. O presidente da Fenabrave cita que muitas montadoras não finalizaram ainda o processo de trocar notas faturadas antes da redução do tributo. No entanto, a entidade é cautelosa em relação às projeções para o ano todo. "Vamos aguardar como será o comportamento do mercado neste mês, o que preocupa é o cenário do PIB (Produto Interno Bruto, que é a soma das riquezas produzidas no País). Toda vez que o PIB cresce menos de 3%, nosso segmento anda de lado", afirmou.
CAMINHÕES
Enquanto as vendas de automóveis e comerciais leves ganharam impulso no mês passado, a comercialização de caminhões ainda patina, registrando queda de 0,53% frente a abril. E no acumulado dos cinco primeiros meses, o volume vendido é 12% menor.
Parte desse desempenho mais fraco já era esperada. Isso porque, a partir deste ano, as fabricantes tiveram de produzir com nova tecnologia de motorização (seguindo a norma Euro 5, menos poluente do que a anterior, a Euro 3), o que fez os veículos ficarem até 15% mais caros. E as transportadoras teriam dado preferência a renovar suas frotas em 2011 para não arcar com custos mais altos. "Um terço das vendas do ano passado (de caminhões) foi antecipação de compras", estima o presidente da Fenabrave, Flávio Meneghetti.
Outros fatores contribuiriam para as vendas baixas: a pequena quantidade de postos que oferecem o diesel S50 (próprio para os novos caminhões), a produção industrial abaixo da esperada e a quebra de safra, que significa menos carga para transportar.
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