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Receita na exportaçao de frutas cresce 14%
Do Diário do Grande ABC
22/05/2000 | 16:40
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A receita com exportaçoes de frutas frescas aumentou 14% e o volume embarcado cresceu 19% no primeiro trimestre de 2000, em relaçao a igual período do ano passado. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), nos três primeiros meses deste ano, o volume de exportaçao de frutas foi de 97 mil toneladas, ante as 81,5 mil toneladas vendidas em 1999.

O faturamento do setor atingiu US$ 41 milhoes no primeiro trimestre deste ano, contra US$ 36 milhoes registrados nos mesmos meses do ano passado.

Para o vice-presidente do Ibraf, Moacyr Saraiva, o crescimento das exportaçoes se deve ao trabalho que vem sendo realizado pelo país junto aos compradores dos Estados Unidos e Uniao Européia, além do ganho de competitividade de preço adquirido após a desvalorizaçao do real. "A parceria entre empresas, representadas pelo Ibraf, e o governo federal, por intermédio do Ministério da Agricultura e da Agência de Promoçao às Exportaçoes (Apex), possibilitou a criaçao de um plano estratégico para ampliaçao e fortalecimento das exportaçoes de fruticultura", explica Saraiva.

Segundo ele, o Brasil está investindo em campanhas de marketing e degustaçao dos produtos brasileiros junto aos compradores dos EUA, Alemanha, França e Inglaterra. Na semana passada, representantes do Ibraf e produtores estiveram em Londres para fazer a apresentaçao da maça. "Estamos promovendo as primeiras degustaçoes para que possamos fornecer maças às redes de supermercados na Europa." Na segunda semana de junho, será realizado um evento simultâneo, em Brasília e Londres, para apresentaçao de melao (amarelo, orange flesh e pele de sapo), uva de mesa sem semente (itália), manga, mamao papaya e maça (gala). Outro produto que terá um destaque especial é o limao tahiti. "Decidimos promover o que temos condiçoes de entregar imediatamente. No caso do limao, nós já tínhamos mercado e perdemos, e, por isso, temos espaço para readquiri-lo." Crescimento - O desempenho das vendas de frutas ao exterior no primeiro trimestre deste ano nao chegou a surpreender o setor.

Dados do Ibraf revelam que em 1999 o volume exportado foi 44,58% superior a 1998. As vendas saltaram de 296,80 mil toneladas para 429,11 mil. O faturamento também registrou crescimento: de US$ 119,03 milhoes, em 1998, as vendas subiram para US$ 162,47 milhoes, em 1999, alta de 36,41%. "Estamos em uma rota de crescimento", afirma Moacyr Saraiva.

Por este motivo, o Ibraf projeta um crescimento entre 35% e 40% no volume de exportaçoes no ano, e de 25% a 30% no faturamento, "caso as políticas de incentivo às exportaçoes e o comportamento atual do câmbio sejam mantidos". O Programa Setorial Integrado de Exportaçoes de Frutas Brasileiras, como vem sendo chamada a parceria entre o Ibraf e o governo, disponibilizará recursos de R$ 12 milhoes, no período entre 1999 e 2002, para reorganizaçao do sistema produtor e exportador, treinamento dos produtores e financiamento às exportaçoes. "Nossa meta é chegar, em 2002, a um faturamento de US$ 500 milhoes por ano apenas com a venda de frutas frescas", afirma Saraiva.

Além disso, a parceria contempla também a abertura de mercados dos produtos derivados das frutas. "Na terceira etapa, pretendemos exportar o néctar e frutas desidratadas, entre outros." Para isso, os fabricantes estao adotando tecnologia e mecanismos de padronizaçao de tamanho e qualidade, além de procedimentos que atendam às especificaçoes européias e norte-americanas de uso de defensivos agrícolas e controle de pragas. "Nao adianta produzirmos uvas sem sementes, se os cachos possuem frutas de tamanho diferentes. O consumidor francês, por exemplo, com certeza rejeitará essa fruta", justifica.

Consumo doméstico - Nao é apenas no crescimento das vendas para o mercado externo que os produtores de frutas têm se empenhado. Dentro da parceria entre Ibraf e governo federal, foi criado um grupo de estudos para buscar alternativas para a ampliaçao do mercado interno.

Hoje, o consumo no Brasil é de 57 kg por habitante/ano, que está muito aquém de países como Alemanha (112 kg por habitante/ano), Reino Unido (68,50 kg por habitante/ano), Itália (114,80 kg por habitante/ano) e Espanha (120,10 kg por habitante/ano).

"Esses números refletem apenas a camada da populaçao que tem poder aquisitivo e que pode ser comparada aos países desenvolvidos. Se considerarmos a populaçao brasileira total, esse consumo despencará", explica Saraiva. Segundo ele, uma das saídas apontadas pelo grupo de estudos - que contém a participaçao de membros dos ministérios da Agricultura, Saúde e Educaçao, além de produtores -, é a adoçao de frutas à merenda escolar das escolas públicas, creches públicas e hospitais.

"Precisamos criar uma cultura de que as frutas nao sao apenas sobremesa, mas também um complemento alimentar. Isso envolve a participaçao de professores, médicos e nutricionistas, para que possamos criar um novo sentimento em relaçao às frutas", afirma. Na opiniao de Saraiva, o baixo índice de consumo por habitante dos brasileiros se deve exclusivamente à questoes de educaçao. "Hoje, entre comprar uma fruta e um chocolate, o brasileiro prefere a segunda opçao", afirma.

Perguntado se os preços praticados pelo mercado nao afugentam parte dos consumidores, especialmente de camadas sociais mais baixas, Saraiva argumenta que "isso nao ocorre porque o volume a ser consumido é o mesmo. Nao é o fato de o preço de um chocolate poder comprar duas maças que vai despertar no consumidor o interesse pela fruta. É uma questao de educaçao".




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