Economia Titulo Artigo
Os surdos e o mercado de trabalho
Laura Correia
06/05/2023 | 10:50
Compartilhar notícia

ouça este conteúdo

 A sociedade ainda vive no armário da surdez – e resiste à sua saída. O capacitismo é uma das formas mais brutais de violência, presentes na sociedade. Mesmo que seja definida e juridicamente defendida, ainda faltam incentivos para uma inclusão - de fato. O assunto precisa deixar de ser apenas um “hype empresarial” e partir para uma conexão humana real.

A Lei nº 8.213/91, estabelece que empresas com cem ou mais empregados devem preencher uma parte dos seus cargos com pessoas com deficiência – mas não especifica qual tipo de deficiência. Embora o intuito seja a promoção de medidas igualitárias e inclusivas de direito e liberdades fundamentais de cidadania, curtos são os limites que separam a resignação da hipocrisia, pois a contratação e pagamento para abstenção da responsabilidade social e a seleção de indivíduos que não precisam de tantas adaptações organizacionais, ainda permeiam o mundo corporativo.

A dificuldade das pessoas com deficiência auditiva vai além da aceitação em vagas, e parte para uma barreira posta para poderem se comunicar com os demais colaboradores. Eles são legalmente amparados a serem respeitados, entendidos e aceitos – mas o que se nota é um despreparo socioeducativo.

A priori, indivíduos que possuíam limitações eram mortos, pelos próprios genitores, como um suposto “ato de amor” por algumas tribos – mas se entendido nas entrelinhas, de egoísmo e vaidade. Décadas passadas, entendeu-se que o ato de covardia era mantido às escondidas, ao negar-se o incentivo a uma educação mais inclusiva e instrutiva, sobre a deficiência auditiva, nas escolas e comunidades. Sem o devido preparo e acolhimento intelectual, muitos surdos são sujeitos a não serem escalados a cargos de liderança. E, incentivar não é somente disponibilizar os cursos de libras, por exemplo, de forma gratuita e opcional, em escolas e organizações. É dispor a disciplina ou treinamento, na grade obrigatória e permitir que os estudantes e colaboradores entendam a necessidade de se falar sobre o assunto. É conduzir a sociedade ao mais profundo esclarecimento do que é respeito.

A singularidade e a saúde mental estão entre os assuntos mais comentados. São temas complexos dentro da comunidade de pessoas com deficiência, porque ainda são pouco apreciadas as percepções dos impactos positivos da valorização de potencialidades individuais. Além disso, lidar com os preconceitos e diferenças existentes continua sendo uma tarefa árdua, porque vive-se uma superestimação da perfeição. 

No caso dos surdos, a visão é potencializada, em detrimento do problema auditivo, captando a linguagem labial e, por vezes, oralizando. Isso é a evolução das espécies.

Laura Correia é engenheira em São Bernardo.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga. Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga.
;