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Região tem mês de março com mais mortes no trânsito

Número de óbitos no Grande ABC é o maior para o mesmo período na série histórica, divulgada desde 2015

Renan Soares
Do Diário do Grande ABC
01/05/2023 | 08:02
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Celso Luiz/DGABC


O número de mortes no trânsito no Grande ABC durante o mês de março deste ano foi o maior da série histórica, divulgada desde 2015 pelo InfoSiga, sistema de monitoramento do governo estadual gerenciado pelo Detran-SP (Departamento de Trânsito de São Paulo). No período de 1º a 31 de março de 2023 foram registrados 25 óbitos na região, quatro a mais do que o número apontado no ano de início da série, quando 21 pessoas morreram.

Do total de 25 mortes, 48% ocorreram em rodovias que cortam a região (12). A maioria das vítimas dirigia motocicletas (9), eram homens (20) e tinham entre 18 e 24 anos (6). As colisões foram o tipo mais comum de ocorrência, com 11 registros. Apenas duas cidades da região, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, não registraram óbitos no período. São Bernardo apresentou o maior número, com 11 mortes, seguida de Santo André (7), Diadema (4), Mauá (2) e São Caetano (1).

Artur Morais, especialista em trânsito e pós-doutor em transportes, aponta que as mortes de motociclistas, pedestres e ciclistas representam mais de 70% do total no período – o grupo contabiliza 18 vítimas entre as 25 –, e defende maior proteção dos motociclistas em relação a carros e caminhões, que ele considera “mais frágeis”. Em relação aos óbitos, Morais afirma que não é possível dizer que acidentes estão relacionados com volume de veículos.

“Não há uma ligação direta entre um maior volume de veículos com os óbitos. Os acidentes que geram mais vítimas estão, quase na totalidade, ligados à velocidade”, avalia o especialista. Morais defende uma melhor engenharia das vias, reforço na sinalização e educação, e faixa exclusiva para motos.

Pedro Borges, head de mobilidade segura do Observatório Nacional de Segurança Viária, reforça a avaliação. Para ele, por terem um valor superior de velocidade operacional, uma colisão em rodovias provavelmente ocorrerá com mais força em comparação com o ambiente urbano, e que a maior chance de óbito neste caso é do motociclista.

“No ambiente rodoviário, é importante que as medidas que sejam tomadas envolvam a conscientização dos usuários da via, em específico o condutor da motocicleta, já que ele é o elo mais fraco do conflito do trânsito”, afirma o especialista, reforçando a tese sobre a fragilidade do motociclista. 

O head de mobilidade segura ainda afirma que, apesar de ter aumentado a circulação de entregadores de alimentos – motoboys – não se pode apontar os apps de entrega como um dos culpados. “Os aplicativos trouxeram uma maior oferta, e isso acaba atraindo mais pessoas para essa área. Pode influenciar, mas que não sejam feitas conclusões precipitadas em relação a isso”, aponta Borges.

A Amobitec (Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia), representante das maiores empresas de entrega por aplicativo do Brasil, afirma que não incentiva longas jornadas ou prática de velocidades acima do permitido nas corridas. 

Para prevenir novos acidentes, as prefeituras da região e os responsáveis pelas rodovias, Ecovias e DER (Departamento de Estradas de Rodagem) do Estado de São Paulo, reforçaram as medidas divulgadas em março pelo Diário, como melhora na qualidade das vias, reforço na sinalização e expansão da educação viária.




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