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Em um ano, número de assassinatos contra mulheres cresce 266%

Dados apontam que a soma de homicídios e feminicídios na região passaram de três, em 2021, para 11, no ano passado

Renan Soares
11/03/2023 | 06:13
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(Foto: Arquivo/DGABC)

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O número de mulheres que perderam a vida no Grande ABC por homicídio ou feminicídio aumentou 266% entre 2021 e 2022. É o que mostra a Rede de Observatórios da Segurança baseado em dados do boletim Elas Vivem, divulgado nesta semana. Em números absolutos, a região registrou 11 crimes contra a vida no último ano, ante três em 2021.

O estudo foi produzido após coleta diária de dados que circulam nos meios de comunicação e redes sociais sobre violência e segurança. As informações obtidas são revisadas e consolidadas em um banco de dados. “Pensando no Grande ABC, nossa ideia ao monitorar todos os dias as notícias dos principais veículos de comunicação e os regionalizados é observar o máximo de detalhe que aquela notícia fornece para qualificar o dado, entender qual crime realmente aconteceu no evento-crime, compreender a vítima e o que motivou àquela ação do criminoso. Quanto mais descrição, melhor para a nossa base de dados e, consequentemente, o desenho de políticas públicas direcionado às mulheres”, afirma Francine Ribeiro, do Observatório de Segurança de São Paulo.

Já os casos de homicídio ou feminicídio na Região Metropolitana apresentaram aumento 54,7%, saltando de 53 para 82 entre 2021 e 2022. De acordo com os dados, apenas homicídio foram 20, em 2021, e 42, em 2022. Já os dados de feminicídio na Região Metropolitana subiram de 33 para 40 no mesmo período.

QUAL A DIFERENÇA
“A diferença entre o homicídio e feminicídio consiste na motivação do crime. No homicídio comum, o agente age por qualquer motivação, exceto gênero. No feminicídio, o crime é praticado em razão da vítima ser mulher, e para ajudar nessa reflexão é importante respondermos: o homicida mataria se a vítima fosse homem? Se a resposta for não, estamos diante de um feminicídio. O agente entende que a mulher não é uma pessoa e sim um objeto que pode ser possuído. Neste caso, a mulher não pode ter vontade própria”, explica Andréa Peres, especialista em direito da mulher e violência doméstica.

Esta é a terceira edição do documento, que apresenta o monitoramento de casos em sete Estados: Bahia, Ceará, Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro e pela primeira vez, Maranhão e Piauí. Foram registrados 2.423 casos de violência contra o gênero feminino, ou seja, uma mulher foi vítima de violência a cada quatro horas nestes Estados. Além disso, do número total, 495 são feminicídios, o que representa uma morte a cada dia – o Pará passou a integrar a rede de dados em janeiro de 2023, e não participa desta contagem.

O boletim apresenta dados para tentativa de feminicídio, agressão física, homicídio, violência sexual/estupro, tortura/cárcere privado/sequestro, agressão verbal/ameaça, tentativa de homicídio, transfeminicídio e bala perdida. O Estado de São Paulo registrou o maior número de ocorrências, com 898 casos. Já a Bahia foi o Estado com maior variação em relação a 2021, com aumento de 58% nos crimes.

No estudo, também foi identificado que a maior parte dos registros tem como autor do crime companheiros e ex-companheiros das vítimas. No caso do crime de feminicídio, por exemplo, o número chega a 75%.

“Essa expansão gradual que a Rede tem vivido tem lançado o olhar para lugares como Piauí e Maranhão mais recentemente, a ideia é que outros estados sejam monitorados, porque com os dados – complementando e qualificando os dados das secretarias de segurança, conseguimos enxergar necessidades de ação do poder público antes não vistas. Os dados apresentam emergências e necessidades, o que precisa ser mudado e melhorar”, disse Francine Ribeiro.




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