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Este ano, em especial, podemos dizer que o Carnaval será na sua essência a festa da carne. A liberação dos demônios e de suas fantasias cumprirão, literalmente, seu papel. Ser o que não se é na vida cotidiana terá um sentido diferente em 2023.
O Carnaval virá com força total, afinal, se considerarmos que as festas de 2020 e 2021, foram canceladas, e que em 2022, ainda que tenha sido liberada, carregava restrições e medos, a população absorvia parte da culpa pelas mortes, pelo luto e pelo receio das aglomerações, a insistência midiática gritava sobre nova onda do vírus, o carnaval do ano passado não foi exatamente o que se espera dele.
Ah, mas no Carnaval de 2023 – este sim sem o medo e o receio rondando a folia, as únicas garras que seguravam o ser humano –, estamos livres e desimpedidos para curtir em plenitude. Tamanha é a necessidade de exorcizar e festejar que nos permitimos esquecer herpes, sífilis, gonorreia, gravidez indesejada, HIV e de tantos outros vírus que a vacina covidal não previne. Assalto, furto e política ficarão para depois do Carnaval. Agora é hora de festejar.
Notamos claramente que as drogas, especialmente nos dias de Carnaval, estão liberadas e serão consumidas aos olhos de todos, como se fôssemos moradores de Amsterdã.
A prévia que tivemos no fim de semana passado, chamado pré-carnaval, já deu uma amostra de como serão os quatro próximos dias de folia.
O sexo livre já recebeu a chave da cidade pelas mãos das autoridades. Com isso, ver, ouvir ou presenciar cenas explícitas devem ser tidas com normalidade.
Não estão permitidos olhares e condenações, afinal, você pode sofrer algum processo por “fobia”. São tantos os processos por novas fobias que não podemos condenar nada, ninguém e nenhuma circunstância.
No Carnaval eu carrego comigo uma filosofia de vida, quando vejo alguém caído no chão se debatendo, penso que esta pessoa fez uma promessa e está pagando. Sendo assim, não me envolvo para não me meter no acordo entre ela e o santo.
Que venha o Carnaval. Que venha a nossa maior marca produzida ao Exterior. A nossa identidade cultural. Que venha nossa imagem perpetuada ao mundo de libertinagem generalizada.
O mundo vê o nosso Carnaval como vemos a vida das pessoas nas redes sociais, perfeita, feliz, animada e sem problemas.
E o turismo? Claro, é disso que estamos falando. Hotéis, praias, ruas e cidades estão lotadas de turistas, todos aguardando para participar do que acreditam ser os dias onde se pode tudo com todos. Para o turismo vale a máxima que diz: “Colocou a bunda na janela? É para que se passe a mão nela!”. Sem reclamar e sem processar.
Apenas uma ressalva aos residentes brasilis. O turista, pós-carnaval, retorna a suas cidades e seus países. A Quaresma, que nada mais é que o arrependimento, fica apenas para o brasileiro.
Pense nisso, se divirta e seja feliz. Quanto ao depois do Carnaval... Bom, aí é com você, afinal, vai que você fez uma promessa de engravidar de um estranho ou ter uma convulsão alcoolica, quem sabe até mesmo carregar um vírus eterno. Eu não me meto. Às vezes, até sim!
Rodermil Pizzo é doutorando em Comunicação, mestre em Hospitalidade e colunista do Diário, da BandFMBrasil e do Diário Mineiro.
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