O presidente boliviano, Eduardo Rodríguez, que assumiu o cargo na quinta-feira, enfrenta seu primeiro desafio do governo transitório. O departamento de Santa Cruz, principal região econômica da Bolívia, insiste em convocar um referendo para o próximo dia 12 de agosto sobre sua autonomia.

O presidente do Comitê Pró-Santa Cruz, Germán Antelo, confirmou a data: "Manteremos tudo", disse Antelo, assegurando que a organização cívica que defende a autonomia do departamento de Santa Cruz não pretende se reunir no momento com o novo presidente.

Santa Cruz se transformou na locomotiva da campanha pela autonomia, que conseguiu a adesão de mais três departamentos: Tarija, Beni e Pando.

Este processo sobre autonomia no leste do país pode se transformar num conflito nacional, já que na realidade o que está em discussão é o destino dos hidrocarbonetos. As reservas de 48,7 trilhões de metros cúbicos, a segunda da América Latina, estão concentradas na região de Santa Cruz.

A lei sobre o petróleo aprovada em maio deste ano destina 18% dos royalties sobre os recursos energéticos para o Estado e aumenta o imposto de 16% para 32%, sem direito a restituição. Além disso, a lei recupera para o Estado a propriedade dos hidrocarbonetos em fase de produção e recria a companhia estatal de petróleo para que participe, junto com as privadas, da produção e comercialização de hidrocarbonetos.

Santa Cruz quer ser autonôma para poder administrar os seus recursos, que representam 30% do Produto Interno Bruto da Bolívia, atualmente estimados em US$ 8 bilhões anuais.

No momento, a situação em Santa Cruz continua tranqüila, mas a direitista União Juvenil "Cruceñista" já deu sinais de que não hesitará em usar a força. Há três semanas, o movimento atacou violentamente manifestantes indígenas.