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Afeganistão: seqüestradores dão 3 dias para matar reféns da ONU
Da AFP
31/10/2004 | 17:58
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A rede de televisão Al Jazeera, do Qatar, divulgou neste domingo um vídeo dos seqüestradores de três funcionários das Nações Unidas. Nele, é concedido um prazo de até o meio-dia da próxima quarta-feira à comunidade internacional para que suas exigências sejam satisfeitas, sob ameaça de executar os reféns.

Um homem que se identificou como porta-voz do ‘Exército dos Muçulmanos’ (Jaish-e-Muslamin) anunciou neste domingo que um "shura" (conselho) havia definido as demandas concretas dos seqüestradores e concedeu três dias, até 3 de novembro ao meio-dia local, à ONU (Organização das Nações Unidas), aos Estados Unidos e a aos países de origem dos reféns para cumprir as exigências.

"Queremos que as Nações Unidas se retirem do Afeganistão, e que condenem os ataques e a invasão do país por tropas estrangeiras", declarou o porta-voz. "Queremos que todos os prisioneiros afegãos da base naval americana de Guantánamo, em Cuba, e de Bagram - base americana a 50 km de Cabul (capital afegã) - e todos os afegãos detidos em prisões estrangeiras sejam libertados", acrescentou.

O porta-voz também exigiu que as tropas de Grã-Bretanha e Kosovo se retirem do Afeganistão, apesar de a província sérvia não ter soldados no país. Se não obedecerem, "essas nações assistirão à morte de seus cidadãos". "Queremos que as Filipinas condenem a invasão das forças estrangeiras no Afeganistão", frisou o porta-voz.

A irlandesa-britânica Annetta Flanigan, o filipino Angelito Nayan e a kosovar Shqipe Habibi, funcionários da comissão eleitoral mista criada pela ONU e pelas autoridades locais para organizar as eleições presidenciais afegãs do dia 9 de outubro, foram seqüestrados quinta-feira passada em Cabul.

O vídeo enviado à Al Jazeera teve o intuito de demonstrar que os três estão vivos e em boa saúde, segundo os seqüestradores.

"Podemos confirmar que essas três pessoas são nossas colegas. Ficamos aliviados de saber que eles não parecem estar feridos", declarou o porta-voz da ONU no Afeganistão, o brasileiro Manoel de Almeida e Silva. "Pedimos sua imediata libertação", acrescentou. A ONU destacou, sem dar mais detalhes, que os três reféns precisavam de "assistência médica".

"Lito, Shqipe e Annetta foram recebidos calorosamente pelos afegãos. Nos sentimos bem-vindos aqui, e gostamos deste país. Por isso que é tão difícil entender os motivos desses seqüestros", afirmou o brasileiro.

Por sua vez, as diferentes partes envolvidas tentavam estabelecer um contato com os seqüestradores para negociar. De acordo com o jornal paquistanês The News, dois mediadores afegãos estão atualmente em contato com o suposto chefe do grupo, Syed Akhbar Agha.

O embaixador filipino no Paquistão e no Afeganistão, Jorge Arizabal, viajou a Cabul para "estabelecer contatos com grupos, instituições e missões estrangeiras que possam ajudar" a libertar Angelito Nayan, declarou o subsecretário das Relações Exteriores, Rafael Seguis.

No entanto, Akhbar Aghar informou, na tarde deste domingo à France Presse, que o ultimato da próxima quarta-feira não era inflexível. "Se depois destes três dias, mediadores pedirem a extensão do ultimato, pensarei no assunto", frisou.




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