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Eleição terá opção para todos os gostos
Havolene Valinhos
Do Diário do Grande ABC
07/06/2010 | 07:37
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Quem será a bola da vez nas eleições deste ano? Seja por voto de protesto, decorrente da descrença na política, seja por acreditar em propostas inusitadas, os eleitores terão outra vez inúmeras opções entre candidatos famosos, artistas, jogadores de futebol, estilistas e participantes de reality shows.

Nos últimos pleitos, destacaram-se nas urnas o inconfundível barbudo Enéas Carneiro (que morreu em 2007 e arrebatou 1,5 milhão de votos a deputado federal em 2002) e o costureiro Clodovil Hernandes (morreu em março de 2009 e que obteve 500 mil votos à Câmara Federal em 2006).

É cada vez mais comum o lançamento de celebridades para concorrer a cargos eletivos. No rol dos famosos que pleitearão vagas em outubro, duas categorias se destacam: os esportistas e os artistas. No primeiro grupo, é forte a presença de ex-jogadores de futebol como Romário (PSB-RJ) e Danrlei (PTB-RS), ex-goleiro do Grêmio, e Marcelinho Carioca (PSB), que concorrerão à Câmara dos Deputados. Para estadual o ex-boleiro Edmundo deve sair pelo PP carioca.

No time dos artistas estão os humoristas Dedé Santana (PSC-PR) e Sérgio Mallandro (PTB-SP), o cantor Netinho de Paula (PCdoB), que atualmente é vereador por São Paulo e queconcorrerá ao Senado; Kiko (DEM-SP), do grupo KLB, e Marcelo Yuca (Psol-RJ), ex-baterista de O'Rappa, e o ator Stepan Necessian (PPS), vereador no Rio de Janeiro, todos tentarão vaga à Câmara.

Também devem lutar por vaga federal o estilista Ronaldo Esper (PS) e Tati Quebra Barraco (RJ), ambos pelo PTC, o mesmo partido que elegeu Clodovil Hernandes.

Outra modalidade será a dos ex- BBBs (Big Brother Brasil) na qual despontam Kleber Bambam (PTB-SP) para estadual e Jean Wyllys (Psol-RJ) para federal.

Para o especialista em direito eleitoral Alberto Rollo, os eleitores votam nas celebridades porque acreditam que farão diferença e estão desvinculadas da figura do político comum. "Normalmente ele alia a imagem do jogador de futebol ao esporte e não à política."

A cientista política da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos) Maria do Socorro Souza Braga explica que o famoso atrai público específico. Isso acontece porque as características variam. "Pode ser que vote naquela pessoa porque é engraçada ou bonita."

A especialista diz que há outras duas explicações para que se vote nesse segmento. A primeira é o desconhecimento das habilidades necessárias para o cargo. "Por vezes candidatos não têm conhecimento do que farão." A segunda diz respeito a certo descontentamento. "É voto de protesto. É como se não fizesse diferença quem colocassem no poder pela falta de levar a sério o político."

A cientista alerta que quanto mais se elege pessoas que não têm condições para exercer o cargo, abre-se espaço para políticos sem a atuação. "É o chamado baixo clero." Os pitorescos não têm forças para confrontar com políticos que já estão consolidados.

O professor da Fundação Escola de Sociologia de São Paulo Rui Tavares Maluf é categórico. "É voto de ignorância, dependendo da candidatura. O eleitor vota na figura famosa mais pela despolitização e pela relação afetiva. Não vem da consciência política ou da proposta."

Batoré e Frank Aguiar são os políticos famosos do Grande ABC

No Grande ABC, dois artistas já atuam no mundo político: o forrozeiro Frank Aguiar (PTB), vice-prefeito de São Bernardo, e o humorista Ivan Gomes, o Batoré (PP), vereador em Mauá. Ambos estão de olho na Câmara Federal nas eleições deste ano.

Frank foi forte puxador de votos para o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), em 2008. Para o vice-prefeito e ex-deputado federal, a visibilidade de um artista que tem ao seu lado apelo popular ajuda bastante na eleição. Mas não é suficiente se não passar credibilidade, respeito, compromisso, ética e boa trajetória de vida.

"Minha história todos conhecem, a determinação de um jovem que deixou sua cidade com pouco mais de 10 mil habitantes, lá no interior do Piauí, veio para a cidade grande e conseguiu realizar sonhos e objetivos. Esse é o maior cabo eleitoral de uma campanha."

O petebista acredita que para as eleições de outubro já carregue bagagem por ter exercido cargo eletivo, mas destaca que é preciso trabalhar. "Hoje, diferentemente de 2006, fui e estou sendo fiscalizado pelos meus eleitores, seja pelas redes sociais da internet, pela imprensa escrita e falada, eles estão de olho."

O cantor espera que a resposta positiva do eleitor venha nas urnas. "Tenho certeza de que não frustrei meus eleitores. Fui no período em que estive em Brasília um dos mais assíduos do Congresso e estive entre os parlamentares que mais apresentaram projetos. Como vice-prefeito, a assiduidade também é marca, pois acompanho passo a passo as ações do governo."

Batoré admite que a fama influenciou para que fosse eleito vereador em 2008. Mas afirma ser preciso mais que popularidade para se manter na função. "Alguns coronéis da política pensavam que minha candidatura seria piada, mas ficou amarga para eles. Desempenho meu mandato com muita seriedade."

O progressista está em busca da vaga de deputado federal. E para evitar que sua imagem sofra arranhões, tem deixado de participar de programas de televisão. "Escolho o programa para não denegrir minha imagem. Entrei com ideologia e vou manter linha de decência que faz parte do meu patrimônio moral."

Para o cientista político Rui Tavares Maluf, os famosos geralmente concorrem a cargos no campo proporcional, pois no majoritário o número de votos abrange diversos colégios eleitorais. "Nesse caso, ele precisa realmente mostrar que tem habilidades."




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