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Com aprovação recente pela Anvisa (Agência Brasileira de Vigilância Sanitária), o Wegovi (Semaglutida 0,25 mg– 0,5 mg- 1 mg – 1, mg e 2,4 mg) é o mais novo fármaco autorizado para o tratamento de obesidade em nosso País, apresentando-se com enorme prestígio, dada a fabulosa média de 17% de emagrecimento de seus usuários.
O aval oficial para a comercialização deste medicamento foi noticiado como histórico, sem esconder, porém, que a Semaglutida já está no mercado brasileiro desde 2019, respondendo pelo nome de Ozempic (0,25/0,5 e 1 mg) na versão injetável e mais recentemente, Rybelsus (3, 7 e 14 mg), em sua apresentação em comprimidos, com indicação em bula para o diabetes tipo 2.
Diga-se ainda que em território americano o custo mensal do tratamento com Wegovi na dose de 2,4 mg é de aproximadamente US$ 1.400 (R$ 7.100). E ainda em nosso País deve custar um quarto deste valor e será proibitivo para 80 a 90% dos pacientes obesos, 25% de nossa população adulta, dependente do SUS ou não.
Afirmo sempre que qualquer política de saúde pública que não priorize atenção e cuidado com sobrepeso e obesidade será míope e continuará patrocinando a ciranda financeira alimentada pelos milionários tratamentos das doenças que derivam da obesidade, das quais as patologias cardiovasculares, ortopédicas e neoplásicas respondem pelos exemplos mais expressivos.
Porém, sem enlaçamento robusto entre as três esferas financiadoras do SUS, os custos desta resolutiva vanguarda medicamentosa recém-anunciada permanecerão impraticáveis para a imensa maioria das gestões municipais.Permito-me anotar que o contexto supracitado expõe mais um superlativo predicado do atual prefeito de Santo André, Paulo Henrique Serra (PSDB), solicitante contumaz da criação da linha de cuidados para o paciente obeso no município.
A ação solicitada pelo chefe do Poder Executivo andreense envolve as Unidades de Saúde Básica, Saúde Especializada e motivou a criação do Núcleo de Obesidade, este, destinando-se à triagem das indicações inequívocas de cirurgia bariátrica, na linha avançada de resolutividade. A embriogênese do projeto deu-se quando a pasta da Saúde estava nas mãos de Márcio Chaves, tomou corpo com a providencial passagem de Police Neto e seguramente ganhará funcionalidade para assumir protagonismo nacional sob a tutela de Gilvan Júnior.
Embora ainda careça de estruturação mais densa, já são vistos centenas de tratamentos clínicos conservadores ou farmacológicos de sucesso, assim como, nas soluções mais radicais, o serviço está bem próximo de realizar sua quinquagésima cirurgia bariátrica.
É correto afirmar que em Santo André a proposta é fazer pelos obesos aquilo que for possível, com os recursos disponíveis, o que faz lembrar a célebre frase “faça o que puder, com o que tiver, onde estiver”, do estadista Theodore Roosevelt, combinando bem com prefeito que oferece tamanho respeito e atitude para doença tão devastadora.
Antonio Carlos do Nascimento é doutor em endocrinologia pela Faculdade de Medicina da USP e membro da Sociedade de Endocrinologia e Metabologia.
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