Política Titulo Irregular
Câmara de São Bernardo mantém supersalários de servidores públicos

Quase dois anos após denúncia, servidores seguem ganhando acima do que determina a lei orgânica; em outubro, houve pagamento de R$ 66 mil

Da Redação
08/01/2023 | 00:01
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Celso Luiz/DGABC


Quase dois anos após o Diário revelar pela primeira vez o escândalo, a Câmara de São Bernardo segue pagando supersalários a servidores públicos efetivos e comissionados. A última vez que a reportagem tratou da situação foi em agosto, e desde então nada foi feito para evitar o derrame de recursos públicos. Pela LOM (Lei Orgânica do Município), não é permitido que qualquer servidor de São Bernardo receba mais do que o prefeito. O atual valor recebido por Orlando Morando (PSDB) é de R$ 30.625,77. Mas isso não é respeitado na Câmara.

Nos meses de setembro, outubro e novembro, que são os últimos disponibilizados no Portal da Transparência do Legislativo, a situação é gritante. Nesse período, pelo menos 15 pagamentos foram feitos a servidores com valores acima do permitido pela lei municipal. 

O valor mais alto pago pela Câmara em setembro foi à procuradora legislativa Suely Duarte de Matos, que teve rendimento bruto de R$ 41.776,20. No mês seguinte, o pagamento saltou para R$ 66.335,80, mais de duas vezes acima do que recebeu o prefeito. E, em novembro, ela ganhou R$ 41.496,20. O salário bruto dos vereadores é de R$ 15.031,75. Reportagem publicada em agosto revelou que, em março do ano passado, o contracheque de Suely atingiu R$ 83.084,24.

Ainda em setembro, a Câmara de São Bernardo desembolsou R$ 52.012,12 para pagar Paloma de Sousa Nogueira, que é chefe de gabinete parlamentar do vereador Eliezer Mendes (Podemos).

A também procuradora legislativa Daiane Fernandes Baratela teve em outubro rendimento bruto de R$ 40.776,90. Em fevereiro de 2022, a Câmara registrou como pagamento bruto R$ 101.425,61 para a servidora. Com os descontos, Daiane recebeu naquele mês R$ 94.146,46.

No mês de outubro, a Câmara pagou R$ 33.129,98 para Regiane de Jesus da Silva, assessora do vereador Ivan Silva (PP). e R$ 30.848,64 para Vilma dos Santos Mangueira da Silva, chefe de gabinete de Estevão Camolesi (PSDB), que até dezembro era presidente da Câmara. Neste mesmo mês, o secretário financeiro Carlos Alberto Zulli recebeu R$ 45.378,54. O supervisor técnico de contabilidade José Mauricio Barcelini teve rendimento bruto em outubro de R$ 45.240,08.

Em fevereiro de 2021, o Diário mostrou o quanto os contribuintes de São Bernardo estavam pagando para servidores, muito acima do teto definido no município. Na ocasião, alguns parlamentares ensaiaram uma reação para barrar essa disparidade, mas ficou somente na promessa. Na prática, nada foi feito. 

Procurado pelo Diário, Estevão Camolesi não respondeu aos questionamentos. O novo chefe do Legislativo, Danilo Lima (PSDB), que é primo do vice-prefeito e deputado federal eleito Marcelo Lima (Solidariedade), também foi contatado pela reportagem, mas não falou se irá moralizar a situação durante sua gestão na Câmara.




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