Maior concentração das precipitações pluviométricas nos centros urbanos não contribui para abastecimento dos mananciais que atendem Grande ABC
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Os sistema Cantareira, Alto Tietê e Rio Claro, três dos quatro reservatórios que abastecem as cidades do Grande ABC, operam abaixam de 50% da sua capacidade. O cenário é preocupante porque durante esta época do ano é esperado que os mananciais recebam alto volume de água por conta das fortes chuvas de verão, que ocorrem de outubro a março.
Para enfrentar a temporada de estiagem, período de chuvas abaixo da média, a bióloga, professora da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) e coordenadora do IPH (Índice de Poluentes Hídricos), Marta Marcones, reforça que o nível ideal para os reservatórios deve estar entre 60% e 70%.
Até esta quinta-feira (5), o sistema Cantareira registrava 44,6% da sua capacidade – o manancial é responsável pelo abastecimento de água de 6,7 milhões de pessoas em São Caetano, Capital, Guarulhos, Franco da Rocha, entre outros municípios da Região Metropolitana.
O reservatório Alto Tietê, que abastece a cidade de Mauá, registrou 49,3%. Já o sistema Rio Claro, que fornece para parte de Mauá e Ribeirão Pires, chegou a 44,6%. Os dados são do Portal dos Mananciais da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo).
O único reservatório que está acima do esperado para o período é o sistema de abastecimento Rio Grande, que atende 1,4 milhão de pessoas em São Bernardo, Diadema e 30% da população de Santo André, além de bombear água, quando necessário, para o sistema Alto Tietê.
“O atual volume nos mananciais é insuficiente para suportar o período de seca esperado para os próximos meses. A concentração de precipitações pluviométricas nos centros urbanos não contribui para o abastecimento dos reservatórios, além de aumentar os riscos de enchentes, alagamentos e outras tragédias provocadas pelas fortes chuvas”, explica a especialista.
A ausência de preservação nas áreas de mananciais e o alto índice de desmatamento nesses locais são possíveis causas apontadas pela docente para a diminuição de chuvas nas bacias do Estado e também do País, já que o sistema Cantareira, por exemplo, recebe parte da água de bacias localizadas em Minas Gerais onde “o regime de chuvas é diferente.”
“Por isso, é essencial que políticas ambientais sejam também de preservação das áreas de mananciais. Esses locais precisam ser cuidados e protegidas”, finaliza Marcondes.
A Sabesp garante que no momento não há risco de desabastecimento, mas orienta sobre o uso consciente da água em qualquer época do ano.
A companhia ressalta, ainda, que a Região Metropolitana de São Paulo é abastecida pelo Sistema Integrado Metropolitano, composto por sete mananciais, incluindo os quatro reservatórios citados.
“Desde a crise hídrica, em 2014, os investimentos tornaram o sistema integrado mais robusto e flexível, sendo possível abastecer áreas diferentes com mais de um sistema. Neste momento, o sistema integrado opera com 54,4%, nível superior aos 40,3% de 2022 e aos 48% de 2021, quando não houve problemas no abastecimento”, destaca a Sabesp.
ACIMA DA MÉDIA
Mesmo estando abaixo do esperado para o período, o sistema Cantareira registra o maior volume de água para o começo de janeiro desde 2018. Em 5 de janeiro daquele ano, o manancial contabilizava 45,9%.
O sistema Rio Grande registra atualmente o mais alto armazenamento médio de água para esta época do ano desde 2000, quando teve início a série histórica. Com 102,2% de volume (um pouco mais que sua capacidade total), o nível mais alto já registrado para este período foi em 2010, com 97,6%.
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