Ao completar 100 dias do segundo mandato, o prefeito reeleito de Diadema, José de Filippi Júnior (PT), concentra atenções nas áreas de saúde, segurança e inclusão social, além de tentar espantar os fantasmas políticos que assombraram sua administração passada. Um dos primeiros atos nessa nova gestão foi reajustar em 10% os salários dos servidores municipais, talvez numa forma de compensar a categoria que em 2001 sofreu cortes e restrições por falta de recursos. Naquele momento, Filippi teve que apelar para demissões e restrições em nome da saúde fiscal da cidade – que estourou os limites de gastos com pessoal e estava desaparelhada, com inúmeras contas atrasadas. “No passado tivemos que cortar R$ 80 milhões do orçamento e agora temos a possibilidade de contar com R$ 30 milhões para investimento”, compara o prefeito. “Estou me sentindo bem melhor do que o mandato anterior,” desabafa.

Essas medidas causaram cicatrizes na imagem do petista, cutucadas até hoje por rivais e servidores mais antigos. Com um quadro mais favorável em termos financeiros, mesmo sob o cutelo de dívidas negociadas a longo prazo, o prefeito prossegue com os projetos que formatou nos dois últimos anos pré-reeleição com a reestruturação da saúde, a manutenção dos programas Adolescente Aprendiz, entre outros. “São três eixos de trabalho: saúde, segurança e inclusão social”, resume Filippi. Dentre as ações na área de segurança, está o segundo plano municipal de segurança pública, lançado no último dia 08.

Outro contraponto aos tempos de dureza do primeiro mandato é a ampliação das secretarias. Enquanto no passado a ordem era organizar as finanças e fechar as torneiras dos gastos com pessoal, agora a estrutura ganhou quatro novas secretarias e mais atribuições (Transportes, Meio Ambiente, Abastecimento, Esportes e Lazer, e Cultura) – com os devidos cargos comissionados e as dotações orçamentárias, remanejados das antigas secretarias de Obras, Educação e Assistência Social. “Estamos com boas perspectivas com o reforço de novos companheiros”, destaca o prefeito. Para afinar a nova equipe, composta por técnicos do mandato anterior e aliados políticos, amealhados durante a eleição, o prefeito tem feito uma série de reuniões de planejamento. “Fizemos quatro reuniões com discussões intensas”, conta o petista.

Indicadores – Os indicadores otimistas registrados por Diadema nos últimos três anos como a redução de homícidios, o aumento de empregos na indústria e o crescimento da arrecadação tributária, segundo Filippi, darão o impulso necessário para realizar o que ele chama de o melhor mandato de todos. “Isso não é mérito apenas da Prefeitura, é dos trabalhadores, dos empresários, do crescimento econômico do país propiciado pelo governo Lula”, enumera o prefeito.

Esse quadro mais favorável permitiu à administração de Filippi contar com reforços traduzidos em convênios com o governo federal e instituições financeiras como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Dessa parceria já resultaram a entrega de 1,2 mil títulos de regularização fundiária para moradores de núcleos habitacionais. “Temos R$ 1,2 milhão do governo federal para quitar essa dívida”, explica Filippi.

Ainda na área da inclusão social e da habitação, a Prefeitura iniciou o programa Pintou Beleza, linha de financiamento para os moradores de baixa renda investirem no revestimento das casas com massa corrida e pintura. O projeto está atrelado ao programa Favela Zero, formado por conjunto de ações nos núcleos habitacionais de Diadema.

Bolsa-Família – Outro programa federal, o Bolsa-Família, faz parte das primeiras ações do atual mandato de Filippi – 7 mil cartões já foram distribuídos para famílias cadastradas na cidade. O petista também destaca a continuidade do programa de modernização administrativa, financiado pelo BNDES desde 2003 – e que deverá injetar cerca de R$ 12 milhões na informatização de toda estrutura burocrática da Prefeitura. “Queremos atender o cidadão contribuinte”, afirma Filippi.

Para este mês está prevista a entrega de uniformes às crianças matriculadas no ensino municipal. Serão 28 mil peças de vestuário, além das mochilas com material didático. “Não vamos entregar as mochilas vazias. As crianças terão lápis, caderno, enfim todo o material que vai ajudar a população”, reforça o prefeito. Em 1º de abril foi reaberto o Teatro Clara Nunes, reformado em convênio com a Petrobras.

Filippi também planeja trazer para Diadema nesse mandato três centros universitários públicos: a Fatec (Faculdade de Tecnologia), promessa histórica do governo do Estado; um curso da UFABC (Universidade Federal do Grande ABC), já aprovada na Câmara dos Deputados; e a instalação dos cursos de ciências médicas da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). “Queremos ter um curso de medicina em Diadema”, ressalta o prefeito, ao destacar que a conversa com a reitoria da Unifesp está adiantada. “Esse projeto não conflita com a UFABC”, destaca.