O promotor de uma das varas do Júri da Justiça Estadual do Rio de Janeiro é que definirá, nos próximos dias, se pedirá ou nao a prisao preventiva do gaúcho Márcio Scherer, principal suspeito do assassinato do empresário Joao Saboya, no hotel Wladorf Astoria, em Nova Iorque. Nesta quarta, a 3ªVara Federal da capital gaúcha enviou a documentaçao do caso para a justiça do Rio, para distribuiçao a uma das varas e análise do Ministério Público. A ordem do envio urgente dos documentos para a justiça fluminense foi do juiz da 3ªVara Federal gaúcha, Marcelo Kras Borges. Na noite passada, o magistrado considerou o caso como de competência da justiça estadual do Rio de Janeiro. O motivo, baseado no Código de Processo Penal, é que Márcio residiu nos últimos dois anos e três meses no Rio.

O crime ocorreu no dia 12 de março e ainda nao existe um processo formal contra Márcio Scherer. Ele voltou ao Brasil e demorou duas semanas para se apresentar à Justiça. Além disto, a demora na chegada da documentaçao da polícia de Nova Iorque, que o aponta como único suspeito pelo crime, e a questao de qual justiça seria a competente atrasam o processo.

Com um habeas-corpus no Tribunal Regional Federal, Márcio Scherer se livrou, no mesmo dia, de uma prisao temporária de cinco dias, decretada no dia 27 de março último. Ele se apresentou à Polícia Federal e às justiças estadual e federal do Rio Grande do Sul, declarando-se à disposiçao para responder um processo ainda nao instaurado contra ele. Como nao existe ainda um processo formal nem decretaçao de prisao contra ele, Márcio Scherer continua em liberdade, residindo na casa de parentes em Sao Leopoldo (RS).

Com a definiçao do foro da justiça estadual fluminense para tramitaçao do provável processo, o delegado Jairo Cacenote, da Polícia Federal gaúcha, informou hoje que encaminhará para o Rio, o mais rápido possível, toda a documentaçao da polícia americana, incluindo relatórios e fotos.

Como o caso passou para o Rio de Janeiro, Cacenote desistiu de pedir a prisao preventiva de Márcio Scherer, o que faria se o caso continuasse tramitando na justiça gaúcha. A decisao de pedir a prisao preventiva, ou nao, do suspeito passou agora para o promotor de uma das varas do Júri do Rio. O juiz do Rio, a ser sorteado, poderá decretar a prisao preventiva de Márcio Scherer antes mesmo de dar vistas ao Ministério Público.

Em Sao Leopoldo, onde Márcio Scherer está residindo, boa parte das conversas gira em torno do anúncio, feito ontem, do seu casamento com uma antiga namorada, Cristina Asp, marcado para o próximo dia 30, no cartório de registro civil. Uma bonita comerciária, loira de olhos azuis, Cristina justificou o casamento dizendo que é apaixonada por Márcio desde a juventude e que o casamento estava programado antes da viagem do noivo a Nova Iorque. Ela nao comenta o crime, mas acredita que Márcio seja inocente. O episódio no hotel Waldorf Astória antecipou a data do casamento, como ``mais uma prova de amor para Márcio', segundo afirmou Cristina.