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Jonas Bloch dá voz a 20 personagens
Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC
04/09/2001 | 19:05
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A vendedora de sanduíches, o machão carioca, o apresentador gay e outros vários tipos brasileiros estarão nesta quarta no palco do Teatro Municipal de Santo André. Todos integram um “elenco” de 20 personagens que serão interpretados por Jonas Bloch na comédia Hilário. A peça é inédita na região e em São Paulo e tem entrada franca, com ingressos distribuídos no local a partir das 17h.

“Esse espetáculo tem desde o humor mais sutil, que desperta um leve sorriso, até o humor escrachado, em que o público dá gargalhadas”, diz o ator.

Tão diferentes quanto os estilos de humor são as linguagens usadas no espetáculo. Em Hilário, Bloch recorre às mais diversas vertentes do teatro brasileiro, passando pelo circo, chanchada e teatro de revista.

Apesar disso, toda a ação se passa nos dias de hoje. O fio condutor é Zé Pinto, um caipira que chega à cidade grande e se depara com os vários tipos interpretados por Bloch.

Há, por exemplo, uma carioca típica que vende sanduíches naturais, um pastor que comercializa a fé, um apresentador de TV gay que vê o mundo sempre sob a ótica fashion, um relações públicas de construtora, um machão carioca e uma fã ardorosa do rei do brega Reginaldo Rossi.

Todos foram criados pelo ator, que se baseou unicamente na observação das pessoas. “Esses personagens foram surgindo, sem orientação prévia. Eu os reescrevi, modernizei e, no fim de tudo, percebi que criei um panorama com os vários estilos de humor”, afirma o ator.

O astuto camelô que fala errado, por exemplo, foi inspirado em uma empregada doméstica que por muitos anos trabalhou na casa de Bloch: “O objetivo não é ridicularizar as pessoas que falam errado, mas mostrar que há a ignorância, que é diferente da burrice. O camelô é esperto, mas é acuado pelo sistema”.

Entre os personagens também constam duas velhas moralistas que, segundo o ator, fizeram muito sucesso em um Programa do Jô, na Globo: “Elas falam absurdos”.

No fim das contas, o ator não quer apenas provocar o riso, mas fazer uma crítica ao modo de pensar do brasileiro. Bloch, no entanto, faz questão de deixar claro que Hilário não é um monólogo convencional. “É quase um show, porque faço 20 personagens e, em alguns momentos, um conversa com o outro. A cada três minutos tem um tipo diferente no palco”, diz.

Tanta agilidade só é possível com base na experiência de Bloch e no figurino de Cláudio Tovar, que é trocado apenas da cintura para cima. A supervisão geral é de Rodrigo Pederneiras, do grupo Corpo. O cenário é limpo e tem a finalidade de valorizar o trabalho do ator.

Hilário é um trabalho marcante na carreira do ator, que nos anos 70 foi um dos fundadores do grupo Tear, em Santo André, e professor da Fundarte (Fundação das Artes) de São Caetano. Mais conhecido por atuar em dramas, Bloch se dedica à comédia há poucos anos.

Atualmente, além de Hilário, o ator faz o advogado homossexual Titi, na peça Três Homens Baixos. Além disso, realiza dois trabalhos no cinema: em Amarelo Manga, de Cláudio Assis, e Os Narradores de Javé, da andreense Eliane Caffé, ambos sem data para serem concluídos.




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