Prefeito de S.Caetano havia seguido decisões de Diadema e de Rio Grande; motivo principal seria forma de gestão de Orlando Morando
A decisão do prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSDB), de retirar o município do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, em ação coordenada que também envolveu os chefes dos Executivos de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), e de Ribeirão Pires, o interino Guto Volpi (PL), revela que se trata de uma movimentação eminentemente política. Até porque, não é a primeira vez que Auricchio trilha o caminho de isolar a cidade do colegiado.
No apagar das luzes de 2018, mais precisamente no dia 28 de novembro, a Câmara aprovou, em duas sessões extraordinárias, pedido de autorização feito pelo prefeito para deixar a entidade. Dos 19 vereadores, apenas quatro foram contrários à solicitação – César Oliva (PR), Ubiratan Figueiredo (PR), Jander Lira (PP) e Chico Bento (PP).
Vale lembrar que as diferenças entre Auricchio e Orlando Morando, então presidente do Consórcio, se acentuaram a partir da nomeação de Fabio Palacio para ser o secretário executivo da entidade. Palacio, que assumiria o cargo no início de 2017, disputou a Prefeitura de São Caetano em 2016 e fez campanha com duros ataques a Auricchio.
A situação levou o chefe do Executivo de São Caetano a buscar, e obter, o aval da Câmara para suspender o pagamento das mensalidades para custeio do Consórcio.
Auricchio argumentou, à época, que a iniciativa levava em conta “conjuntura de fatores”. “Primeiro, a questão do custo elevado e da manutenção elevada. Não dá para gastar R$ 2 milhões por ano para custear (o rateio), por mais que a alíquota de contribuição tenha sido reduzida e tenha havido esforço (financeiro para diminuir o peso financeiro sobre os municípios), é absolutamente custoso para a cidade. Também houve a saída de Diadema. Quando se tira de um sistema engrenagem que é importante, deixa de funcionar de maneira coletiva. Acho que esse conjunto de fatores faz com que se perca a articulação regional.”
RISCO DE IMPLODIR
A decisão foi tomada no momento em que o Consórcio, então sob comando de Orlando Morando, estava sob risco de implodir, já que Lauro Michels (PV), então prefeito de Diadema, havia deixado o colegiado e Rio Grande da Serra também tinha anunciado que se desligaria, o que não se efetivou.
As justificativas das decisões de anos anteriores foram as mesmas divulgadas na nota conjunta em que São Bernardo, São Caetano e Ribeirão anunciaram, nesta semana, que deixariam o colegiado: o alto custo dos repasses à entidade.
Na verdade, o que se comentava na classe política é que o movimento iniciado por Diadema e seguido por São Caetano e Rio Grande estava relacionado, sobretudo, à forma individualista como Orlando Morando conduzia o Consórcio. E isso, de certa forma, ficou claro em posicionamento do então líder do governo Auricchio e atual presidente da Câmara, Tite Campanella (Cidadania), logo após a Casa aprovar, de forma unânime, o retorno da cidade ao Consórcio. O retorno de São Caetano foi decidido quando o prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), já estava na presidência do Consórcio e articulava também as voltas de Diadema e Rio Grande da Serra.
O pedido de Auricchio foi votado em duas sessões no dia 16 de outubro de 2019, exatos 11 meses depois do aval à saída do município do colegiado.
“Ninguém vai apagar o que foi dito lá atrás”, disse Tite à época, em relação às críticas feitas pelo Legislativo no desligamento da entidade. “É claro que a interligação das cidades é importante. Tivemos um período em que, talvez por medidas excessivamente personalistas, o Consórcio perdeu sua função integrativa, talvez para fazer apologia pessoal. Esse tempo já passou. A gente já superou”, completou
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.